O PGR (Procurador-Geral da República), Rodrigo Janot, pediu a prisão do dono da JBS, Joesley Batista, do executivo Ricardo Saud e ex-procurador Marcello Miller. Ele também pediu a revogação dos benefícios outorgados pela delação do Grupo J&F.
Os pedidos ainda precisam ser analisados pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte. A decisão monocrática deve ser proferida nas próximas horas. No entanto, há indicativo que a decisão de Fachin será reavaliada pelo Pleno do STF.
Na segunda-feira, o PGR abriu um procedimento de revisão do acordo de delação dos empresários. Ele vai pedir a revogação do benefício de imunidade penal concedido aos delatores.
Em áudio de quatro horas entregue pela própria defesa da JBS, Saud e Joesley conversam sobre a suposta interferência de Miller para ajudar nas tratativas de delação premiada. O ex-procurador ainda fazia parte do Ministério Público quando começou a interagir com os executivos, no final de fevereiro. Ele foi exonerado da instituição apenas em abril.
“Uma gravação entregue pelos advogados, como uma nova etapa do acordo, revelou diálogo entre dois colaboradores com referências indevidas à PGR e ao Supremo Tribunal Federal”, disse Janot. “Tais áudios também contêm indícios, segundo esses dois colaboradores, de conduta em tese criminosa atribuída ao ex-procurador Marcelo Miller, que ao longo de três anos foi auxiliar do gabinete do procurador-geral. Se descumpriu a lei no exercício de suas funções, deverá pagar por isso”, afirmou na segunda-feira (4).
Depoimento e pedido de prisão
No mesmo dia em que prestou depoimento ao Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro, por mais de dez horas, o ex-procurador Marcello Miller teve a prisão solicitada ao Supremo. Auxiliares de Janot acreditam que ele atuou junto à JBS, com uso de informações privilegiadas e pode ter incorrido no crime de obstrução de justiça e exploração de prestígio.