O risco de sofrer um crime violento caiu em 79 dos 139 municípios paulistas com mais de 50 mil habitantes que compõem o Índice de Exposição a Crimes Violentos (IECV), desenvolvido pelo Instituto Sou da Paz. A queda em 2018 alcançou 57% da mostra de municípios analisados. O índice é calculado a partir da média ponderada de três subíndices: crimes letais (homicídio e latrocínio), crimes contra a dignidade sexual (estupro) e crimes contra o patrimônio (roubo – outros, roubo de veículo e roubo de carga). O IECV no estado caiu de 19,5 para 18,7.
“Vemos uma queda grande no estado de São Paulo puxada muito pela redução dos homicídios, mas não podemos esquecer que a sensação de insegurança ou a violência sofrida pela população não é só dos homicídios. Por isso o indicador é composto por outros dados: o índice de crimes sexuais e crimes contra o patrimônio”, explicou Ivan Marques, diretor executivo do instituto. Ele chama atenção para os crimes de estupro, cujo índice avança desde 2015, passando de 28, em 2015; para 28,9, em 2016; no ano passado 31,7; e, nesta edição, 34,1.
Marques diz que houve queda nos crimes contra o patrimônio, mas destaca que os índices ainda não são satisfatórios. “Os roubos, de modo geral, também caíram, principalmente os roubos de carga, que foi uma preocupação grande no estado de São Paulo nos últimos dois anos, mas, ainda assim, a questão dos estupros e dos roubos não estão em patamares adequados ou patamares satisfatórios para a população se sentir segura em todos esses municípios”, disse.
Ranking
O Instituto Sou da Paz apresenta um ranking com os dez municípios mais expostos a crimes violentos em 2018. Itanhanhém lidera a lista, tendo alcançado uma média de 48,8, seguido por Lorena (46,3), Guaratinguetá (40,7), Mongagá (39,4), Caraguatatuba (38,5), Ibiúna (37,7), Ubatuba (34,5), Arujá (32) e Cruzeiro (31,9). Seis delas fazem parte do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) de São José dos Campos.
Por outro lado, as cidades menos expostas são: Vinhedo (5,9), São José do Rio Pardo (6), São Caetano do Sul (6,6), Franca (8,6), Olímpia (8,8), Santa Bárbara d’Oeste (9), Taquaritinga (9,3), São João da Boa Vista (9,6) e Americana (9,7). Marques disse que essas cidades guardam características comuns, como ter situações socioeconômicas homogêneas. “São territórios mais pacificados em que a ocorrência de um crime é raro”.
Ibitinga é um município que chama atenção neste levantamento por ter apresentado bons resultados na última edição e agora apresentar a maior variação positiva (83,1%), passando de 11,8 para 21,6. “Denota uma característica bastante presente das políticas públicas de segurança de um modo geral. As políticas têm efeito no médio e longo prazo na maior parte das vezes. (…) Essas oscilações no ranking demonstram descontinuidade de políticas ou desinvestimento, quebra abrupta de uma política que vinha dando certo”, avaliou.
O indicador também calcula o risco de sofrer um crime violento em 86 distritos policiais da capital paulista. O IECV caiu em 60 deles.