Em janeiro deste ano, o nadador Luiz Altamir voltou para o Flamengo depois de três anos no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo. Altamir foi um dos responsáveis – junto com Breno Correia, João de Lucca e Fernando Scheffer – a assegurar vaga para o Brasil nos Jogos de Tóquio (Japão). O quarteto chegou às finais do revezameno 4 x 200m, no Mundial de Esportes Aquáticos em Gwangju (Coreia do Sul,) no ano passado.
“Foi uma escolha certeira. Eu estava precisando respirar um ar diferente e fazer uma mudança para buscar evolução. Com o passar do tempo vai ficando mais difícil baixar os tempos. Os detalhes fazem cada vez mais diferença”, contou o atleta, de 24 anos, à Agência Brasil.
Claro que para todos os nadadores a busca pelos melhores tempos é algo constante. Mas, para Altamir, que busca os índices para a segunda edição olímpica da carreira, isso é quase uma obsessão. “Não posso vacilar em nenhum momento. O principal objetivo é Tóquio. Mas é como se fosse uma escada. Tenho que subir vários degraus para chegar bem lá. Preciso pensar no hoje e no agora para atingir a minha melhor forma”.
E para isso, nada melhor que reencontrar um antigo parceiro, o técnico Eduardo Pereira, conhecido como Duda. “Quando eu vim para o clube em 2012, a gente fez um trabalho muito bom. Tinha também o André Vieira, o meu preparador físico. Foi tão legal que consegui me classificar para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Agora, sigo com o Duda e tenho dois novos preparadores: o Luís Antônio e o Carlos Assis. A gente está se adaptando. Mas, estou curtindo bastante”, revelou o nadador, nascido em Roraima e criado no Ceará.
A oportunidade de treinar no Flamengo após mais de quatro meses afastado das piscinas, por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19), fez o atleta abrir mão da Missão Europa, organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil. A entidade convocou nadadores para treinar em Portugal. “É uma volta bem lenta. Para a natação, que é uma modalidade muito específica, dois dias já fazem uma diferença gigante. Estamos tentando readquirir a capacidade aeróbica. O pior agora seria se eu tivesse uma lesão, ou qualquer coisa do tipo. Por isso, achamos melhor ficar aqui mesmo”.
Na Olimpíada Rio 2016, Altamir participou da prova individual dos 400m livre e do revezamento 4 x 200m. “Foi algo especial. Tudo mágico. A torcida vibrando, gritando meu nome, poder estar ao lado de grandes atletas. Mas toda aquela atmosfera acabou afetando o meu desempenho. Hoje eu quero mais. Vou treinar para poder evoluir cada vez mais e chegar em Tóquio na minha melhor forma possível”.
Expectativa para Tóquio
A seletiva olímpica brasileira, marcada inicialmente para abril deste ano, foi adiada em decorrência da pandemia e ainda não tem nova data Mas é nela que Altamir vai precisar atingir os índices nas provas, nas quais ele pretende estar em Tóquio. “Vou tentar nos 200m borboleta, nos 200m e nos 400m livre”.
A prova dos 200m livre pode ser decisiva, pois definirá os quatro nomes que representarão o Brasil no revezamento 4 x 200m. A vaga brasileira veio no Mundial de Esportes Aquáticos, na Coreia do Sul, no ano passado. Na época, Luiz Altamir, Breno Correia, João de Lucca e Fernando Scheffer finalizaram as eliminatórias com o tempo de 7min07seg12, chegando às finais do torneio e conseguindo uma vaga para o Brasil nos Jogos de Tóquio.
“Vejo que temos uma chance boa de medalha. Não é algo impossível. Mas temos que melhorar, é claro. O bronze deve ficar com o tempo entre 07min03seg e 07min02seg”.
A confiança do nadador rubro-negro se baseia, principalmente, na evolução da equipe. “Em 2015, fomos campeões do Pan de Toronto com o recorde do campeonato: 7min11seg15. Mas no Mundial daquele ano acabamos sentindo. Ficamos no 15º lugar, com o tempo de 07min16seg85”.
Depois, em 2018, veio aquilo que, para Altamir, foi o grande passo da equipe. O ouro com o recorde no Mundial de piscina curta na China. Na ocasião, Fernando Scheffer, Luiz Altamir, Leonardo Santos e Breno Correia cravaram 6min46seg81, baixando em mais de dois segundos a marca anterior: 6min49min04, obtida na Rússia, em 2010. “Ganhamos uma confiança absurda. Todos melhoraram as melhores marcas pessoais naquele dia. Claro que a piscina curta é totalmente diferente da longa. Mas foi um passo gigante para a nossa história. Uma surpresa grande para todos que serviu de aprendizado para a gente. Até Tóquio, temos um ano pela frente. Claro que precisamos evoluir. Mas não duvido de nada. Talvez a gente possa surpreender novamente e conquistar uma medalha para o Brasil. Tudo pode acontecer no alto rendimento”, conclui.