Próximo de um desembarque, PMDB proíbe filiado de aceitar novo cargo no governo Dilma

Os principais integrantes da cúpula do PMDB já tinham deixado a convenção nacional da sigla neste sábado (12) quando, sob forte pressão da militância, o partido aprovou uma moção que proíbe os peemedebistas de assumirem novos cargos no governo até que a sigla decida definitivamente sobre o rompimento ou a manutenção da aliança com a presidente Dilma Rousseff.
A medida tem como alvo principal as negociações em torno da nomeação de Mário Lopes (PMDB-MG) para a Secretaria de Aviação Civil. O cargo, com status de ministro, foi acertado com o governo para ajudar a eleição de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à liderança da sigla na Câmara. Picciani íntegra a ala que apóia a presidente Dilma.
A decisão foi tomada em meio à e gritaria da militância, que cobrava o desembarque imediato do governo e só se acalmou quando o ex-ministro Eliseu Padilha, aliado do vice-presidente Michel Temer, topou colocar em votação a moção que veta a nomeação de peemedebistas.
O presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, justificou a aprovação da moção como uma medida de “precaução”. Ele também endossou a defesa pela unidade interna do partido.
“Essas moções apresentadas serão analisadas e votadas pelo diretório nacional, que está sendo escolhido hoje. Enquanto corre o prazo nesse período, por precaução, a convenção aprovou outra moção de que nenhum companheiro pode assumir cargo no governo até diretório nacional de tomar posição no governo”, afirmou.

Curta nossa página no Facebooksiga no Twitter e receba nossas atualizações

Segundo o peemedebista, se o partido de fato desembarcar da administração petista, a decisão terá que ser cumprida por todos os integrantes da sigla com cargos no Executivo sob pena de serem expulsos. Hoje, o PMDB ocupa seis ministérios.
O líder do partido no Senado, Eunício Oliveira (CE) afirmou, após ter participado da convenção, que o PMDB, diante das dificuldades do país resolveu adotar uma postura de não parecer “golpista” e nem “oportunista”. Para o parlamentar, a sigla precisa ter “um pouco mais de paciência”.
Houve um acordo na cúpula do partido para adiar a decisão sobre o desembarque do governo em até 30 dias. As novas nomeações, portanto, estão travadas até que o partido feche essa questão.
Temer fez um discurso em nome da unidade. Ele e os demais integrantes da cúpula do partido deixaram a convenção logo após a fala, quando a militância, inflamada, pedia a saída imediata do governo. O presidente do Senado, Renan Calheiros, chegou a demonstrar irritação quando os discursos pela ruptura chegaram ao microfone. Em seguida, ele deixou o local.
O vice-presidente Michel Temer apresentou sua recondução ao comando nacional do PMDB neste sábado (12) como um símbolo de que o partido optou pela convergência numa “ocasião em que é preciso cuidar do país”.
Em discurso, o vice chegou a dizer que a sigla está pronta para “resgatar os valores da República e reencontrar a via do crescimento econômico e social”.
O vice chegou ao local do evento, em Brasília, acompanhado dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, além de José Sarney, escolhido presidente de honra do PMDB. A presença de Cunha e Sarney eclipsou os aplausos na entrada do vice.
Da plateia vieram gritos isolados de “Fora Cunha” e, antes de falar, Sarney ouviu um princípio de vaia. A fala de Temer, no entanto, foi aclamada pelos ouvintes.
Ele chegou ao microfone aos gritos de “Brasil para frente, Temer presidente”. Durante todo o ato, a militância entoou coro de “Fora Dilma”, numa referência à presidente Dilma Rousseff, e “Fora PT”. Houve até convocação para as manifestações deste domingo (13).
Temer fez questão de passar uma mensagem diferente da que vem sendo reverberada pela cúpula do PT, que chegou a convocar protestos em prol da sigla para o mesmo dia e local dos que estão programados em defesa do impeachment. “Não é hora de dividir os brasileiros, de acirrar ânimos, A hora é de construir pontes”, disse.