FENÔMENO CLIMÁTICO

Produtores devem se preparar para impactos do La Niña

Em algumas áreas, as temperaturas já se apresentam mais frias do que o normal, sinalizando a chegada de La Niña.

Imagem de lavoura de soja em Passo Fundo. Foto: Vitor de Arruda Pereira/Agora RS
Imagem de lavoura de soja em Passo Fundo. Foto: Vitor de Arruda Pereira/Agora RS

A formação do fenômeno climático La Niña, previsto para o segundo semestre deste ano, preocupa os produtores agrícolas brasileiros por seu potencial impacto ao setor.

Em paralelo ao aquecimento das águas do Pacífico Equatorial provocado pelo El Niño, em algumas áreas, como a costa oeste da América do Sul, as temperaturas já se apresentam mais frias do que o normal, sinalizando a chegada de La Niña.

A persistência e a expansão dessas áreas mais frias em direção ao centro do oceano favorecem a formação desse fenômeno, com uma probabilidade de 62% de ocorrer entre julho e setembro, conforme projeções do IRI (International Research Institute for Climate and Society).

De acordo com José Eduardo Furtado, Técnico de Desenvolvimento de Mercado, as projeções indicam que no Norte e Nordeste do Brasil deverá haver um regime de chuvas acima do esperado (excesso de água).

Já no Sul, a expectativa é de um período de estiagem prolongada. As regiões Centro-Oeste e Sudeste tendem a manter uma certa normalidade climática, embora devido à grande extensão dessas áreas, possa haver variações significativas no volume de chuvas.

Para enfrentar esses desafios, Furtado recomenda o escalonamento planejado do plantio, a utilização de sementes de alto vigor e germinação, variedades geneticamente adaptadas e manejos que fortaleçam a preparação das plantas aos estresses abióticos, como nutrição balanceada e bioestimulação. “Um planejamento cuidadoso nesse período pré-La Niña é essencial para mitigar os impactos adversos”, explica.

Impactos do La Niña no Rio Grande do Sul

No Sul, a previsão de estiagem demanda estratégias específicas para desenvolver os cultivos. Conforme os prognósticos, as Região Noroeste e Norte do Rio Grande do Sul serão as mais afetadas, que terão volumes de chuva abaixo da média.

Furtado explica que o foco do produtor deve ser adotar um manejo voltado para a resiliência das plantas. “Fazer uma base bem feita é fundamental. A construção da fertilidade do solo e do perfil é importante para criar essa resiliência no cultivo”, destaca.

Essa base sólida permitirá que as plantas busquem água em profundidades maiores e suportem períodos mais longos de estresse hídrico. Além disso, o especialista ressalta a importância de plantar na época certa e estar preparado para possíveis estiagens pós-plantio, por isso alerta.

“O produtor precisará ter paciência nesse período. Como ele irá enfrentar um processo de ausência de chuvas, é preciso fazer a semeadura na época adequada para reduzir o risco de ocorrer a estiagem no pós plantio”, diz.

Técnicas consagradas como o plantio direto também podem fazer parte das estratégias para mitigar os impactos.

“Quem já tem essa técnica consolidada na lavoura irá se beneficiar, pois, além de favorecer a ciclagem de nutrientes, o plantio direto contribui para maior retenção de água, diminuição da temperatura do solo e fortalecimento da microbiota”, pontua.

Furtado também recomenda o uso de ferramentas nutricionais, biológicas e bioestimulantes, as quais podem ser decisivas para a sobrevivência das plantas durante os períodos de seca.