A SSP (Secretaria da Segurança Pública) coloca desde esta segunda-feira (1°), 65 detentos do regime semiaberto para ajudar na limpeza e desobstrução das vias públicas de Porto Alegre após o forte temporal da última sexta-feira (29). Sob a supervisão da Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários), a força-tarefa, em conjunto com o DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana), vai ocorrer diariamente das 8h às 18h, enquanto houver necessidade.
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Os voluntários pertencem a cinco unidades penitenciárias do Estado, como Instituto Penal Irmão Miguel Dário, Patronato Lima Drummond e os Institutos Penais de Charqueadas, Gravataí e Novo Hamburgo. O coordenador da força-tarefa pela Susepe, Marioli Machado, afirmou que os presos cooperaram espontaneamente para a atividade. “São mais tranquilos e acostumados ao convívio social com o mundo lá fora. A cada cinco, um agente penitenciário coordena a limpeza e garante a segurança do serviço”, acrescentou.
Na opinião do secretário da Segurança Pública, Wantuir Jacini, o regime semiaberto é uma oportunidade segura dos presos mostrarem que podem se reinserir na sociedade. “Demos a eles uma oportunidade real de colaborar com a população, limpando e reconstruindo aquilo que foi danificado pelo temporal”, explicou.
“Preso não é vagabundo”
Encarcerado há um ano no Instituto Penal Irmão Miguel Dário, P.A.B.M., 20 anos, aceitou o trabalho para mostrar que “nem todo preso é vagabundo”. “O que a gente precisa é de mais oportunidade, de um emprego. Somos discriminados. É difícil as pessoas darem um voto de confiança para quem foi ladrão ou traficante”, desabafou o jovem, condenado até 2020 por assalto a mão armada. “Estamos fazendo a nossa parte pela cidade. Não fomos forçados a vir. Espero que não nos discriminem tanto, queremos ajudar”, completou.
Preso há dois meses por agressão a um policial, D.P., 30 anos, quer dar o bom exemplo à filha pequena que o aguarda cumprir a pena de 5 anos e 8 meses. “É muito gratificante apoiar esse mutirão de solidariedade. Também vou poder contar a minha filha que ajudei a cidade dela a ficar mais limpa”, orgulhou-se.
Transeuntes circulando pela Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, local de início do mutirão, elogiaram a atuação dos apenados. “Acho positivo, tendo em vista a reinserção social dessas pessoas, para que se sintam úteis e contribuam à sociedade”, disse a geógrafa Graziela Bohusch. “É uma maneira de mostrarem seu valor, serem úteis e merecerem uma nova chance na vida”, avaliou a secretária Rosaura Pinheiro Perasi. A cada três dias trabalhados, diminui-se um dia de pena.