Cotidiano

Preservação e digitalização de acervos é desafio, dizem especialistas

Em um mundo cada vez mais digital em que as telas e redes substituem o papel velozmente, o desafio de preservar o acervo analógico torna-se uma prioridade. Além de garantir e proteger a informação, a digitalização de obras de arte, peças literárias, ...

Em um mundo cada vez mais digital em que as telas e redes substituem o papel velozmente, o desafio de preservar o acervo analógico torna-se uma prioridade. Além de garantir e proteger a informação, a digitalização de obras de arte, peças literárias, jornais, revistas e toda a gama de documentos permite a divulgação e o acesso universal ao seu conteúdo.

O tema foi debatido hoje (13) no Seminário Memória, Identidade e Futuro, promovido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio, reunindo especialistas no assunto.

Para o secretário especial de Comunicação Social da Presidência da República e presidente do Conselho de Administração da EBC, Márcio Freitas, a preservação do patrimônio garante ao país enxergar sua própria identidade.

“O país se enxerga por meio de sua história. Só percebe sua verdadeira face quando consegue ver o que significou no passado, se identifica e se compreende. É importante olhar para esses registros do passado. São eventos, personagens, matérias, registros radiofônicos, programas que fizeram sucesso. Eles expressam aquilo que se pensava, o modo como as pessoas se comportavam. É importante resgatar isso.”

No evento, o secretário de Comunicação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República e Conselho de Administração da EBC, Márcio Freitas, assinou o acordo de cooperação firmado pela empresa com a Fundação Getulio Vargas (FGV) visando a recuperação do seu acervo.

Memória

Vista panorâmica da discoteca da Rádio Nacional em Brasília (Acervo Arquivo Público do Distrito Federal)

Vista panorâmica da discoteca da Rádio Nacional em Brasília – Acervo Arquivo Público do Distrito Federal

O coordenador de Comunicação e Informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Adauto Candido Soares, ressaltou a necessidade de dar acesso à memória por meio das redes digitais. “A Unesco trabalha com o conceito de sociedades do conhecimento, que pensam nas bases de dados que vieram de uma sociedade da informação e nas gerações futuras, no uso das novas tecnologias inclusivas. Mas a história precisa estar acessível em todas essas plataformas. A Unesco pensou nisso quando criou o programa Memória do Mundo, que é uma forma de estruturar o patrimônio documental da humanidade.”

A pesquisadora Rita Marques, especialista em preservação audiovisual, trabalha no setor há 35 anos e se preocupa com a garantia de acesso à informação nas diversas plataformas ao longo do tempo, com as mudanças tecnológicas. Segundo ela, o Brasil está atrasado na digitalização de acervos, comparado a outros países.

“O Brasil está muito atrasado neste processo de digitalização das mídias analógicas, como fotografias e documentos, que começou no mundo a partir de 1994, quando a internet passou a atuar de uma forma mais ágil e as empresas iniciaram a digitalização do seu material. Nós ficamos para trás. Começamos a discutir isso a partir do ano 2000. Temos no mínimo 10 anos de atraso em relação aos países desenvolvidos. É uma corrida contra o tempo, contra a obsolescência dos equipamentos e a degradação dos materiais.”

Relevância

Segundo a pesquisadora Rita Marques, a EBC tem um acervo importantíssimo, principalmente em relação aos registros radiofônicos: “Aí está a história da comunicação de massa no Brasil, que começou com o rádio. Este material é de um valor inestimável e ele é recuperável. Na parte audiovisual também, pois nós temos uma escassez muito grande de imagens em movimento das décadas de 70 e 80, e a EBC tem este material.

O debate foi gravado e será transmitido pela TV Brasil durante o programa Sem Censura, mediado pela jornalista Vera Barros.