A Prefeitura do Rio não vai reprimir os desfiles dos blocos irregulares, mas haverá multa da Comlurb pelo lixo deixado no local. A informação é do secretário de Envelhecimento Saudável, Qualidade de Vida e Eventos do Rio, Felipe Michel, em entrevista coletiva hoje (12) de apresentação das ações para o carnaval, na Cidade das Artes, zona oeste da cidade.
A multa inicial será de R$ 1,3 mil e pode ser ampliada de acordo com o volume do lixo. Michel informou ainda que os organizadores dos blocos também serão responsabilizadas caso haja problema de segurança ou dificuldade na mobilidade da população.
“Não é um carnaval de repressão. É um carnaval de organização, de planejamento e pensando sempre na segurança do folião e da população. Todo bloco que for desfilar sem autorização, tem que ter responsabilidade e saber que será punido pela Comlurb sobre o que vier a ocorrer com relação à segurança, à mobilidade e a todos os serviços da prefeitura. Com tudo que leva insegurança à população, ele será responsabilizado, porque o bloco não é autorizado e não faz parte do planejamento. Não tem repressão, tem planejamento”, disse o secretário.
De acordo com a Riotur- Empresa de Turismo do Município do Rio, no fim de semana de 8 e 9 de fevereiro, 270 mil pessoas devem participar de 37 blocos, número que supera em três vezes o total de foliões no ano passado. Durante o carnaval Rio 2020 a previsão é que devem desfilar 411 blocos, sendo a maior parte na zona sul (116). No centro serão 109 e na zona norte, 83. A Tijuca, também na zona norte, terá 53 blocos; na zona oeste serão 42 e em Jacarepaguá e na Barrar, 38.
Integração
O secretário informou que para esses desfiles foi montado um planejamento, que conta com a integração de órgãos da prefeitura e do governo do estado, para permitir mais segurança para foliões, moradores e turistas. “Bloco autorizado tem Comlurb, tem CET-Rio [Companhia de Engenharia de Trânsito], tem Seop [Secretaria de Ordem Pública], tem Guarda Municipal, tem CCU [Coordenadoria de Controle Urbano], Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Bloco não autorizado não tem apoio, porque não faz parte do planejamento.”
Pelos cálculos da Riotur, os eventos durante o carnaval vão reunir 7 milhões de foliões. A cidade deverá receber 2 milhões de turistas, um pouco acima do 1,6 milhão de 2019. A Riotur estimou que no período de folia a movimentação da economia vai atingir R$ 4 milhões, enquanto no ano passado ficou em R$ 37 milhões.
Megablocos
A apresentação de megablocos está restrita à área da Avenida Antônio Carlos, no centro. Até o dia 1º de março serão sete, entre eles o Fervo da Lud [da cantora Ludmilla], o Bloco da Preta [da cantora Preta Gil] e o Bloco da Anitta. O primeiro foi o Carnaval Square da cantora Claudia Leitte que ocorreu no domingo (9) passado.
O presidente da Riotur, Marcelo Alves comemorou o esquema de barreira de segurança adotado no entorno da área dos megablocos, que para ele já se mostrou um sucesso no primeiro dia. Ao todo são 23 bloqueios montados pela Polícia Militar, Guarda Municipal e Secretaria de Ordem Pública.
Pelos dados da Secretaria de Eventos houve redução no número de delitos. No primeiro megabloco do ano passado foram 100, conforme a Polícia Militar, enquanto neste ano três na parte interna.
O secretário Felipe Michel quer estender o esquema para outras áreas da cidade na apresentação de blocos menores, que também concentram grande número de foliões. No entanto, admitiu que para este carnaval não será possível. “Nesse carnaval, não, por conta do planejamento, não só da prefeitura, como do governo do estado e da iniciativa privada”, disse.
Recomendações
Durante a coletiva, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, Marcelo Alves e Felipe Michel pediram que os foliões não levem bebidas em garrafas de vidro para os eventos. “A Comlurb não recolheu nenhuma garrafa de vidro [no primeiro desfile de megabloco]. Isso é inédito. Mostra claramente a importância dessa barreira de segurança com os órgãos da prefeitura e do governo do estado integrados”, disse Michel.
“Na secretaria municipal de Saúde só tivemos oito atendimentos, mas nenhum de material perfurante como garrafa de vidro, canivete, faca, então, mostra a eficiência da barreira. O sucesso foi total”, ressaltou.
Marca
O presidente da Riotur anunciou a nova marca criada para os desfiles de escolas de samba das séries B, C e D, na Estrada Intendente Magalhães, em Campinho, zona norte do Rio. Será “Arena Intendente Magalhães. Carnaval do Povo”.
Segundo Alves, a região recebeu investimentos nos últimos três anos, com melhoria na iluminação, carros de som, arquibancadas e na concentração das agremiações. Neste ano, as escolas vão receber R$ 3 milhões, de subvenção da Prefeitura do Rio.
“[ Dinheiro direto] Para as escolas e já foram pagos 90%. Está tudo certo. A montagem [das estruturas] já começando e vamos ter uma arena bastante eficiente, com conforto e segurança para que tenhamos ali, o Carnaval do Povo. Um carnaval exemplar”, informou Alves.
Aplicativo
O secretário Felipe Michel anunciou que, pela primeira vez, a Prefeitura do Rio criou um aplicativo que inclui todas as informações sobre o carnaval do Rio com a programação dos blocos, megablocos, Sambódromo, Terreirão do Samba. Para o secretário, o aplicativo vai facilitar a vida dos turistas na cidade.“Todas as informações estarão lá no nosso aplicativo Eventos.Rio”, informou.
Também na coletiva, o prefeito agradeceu o apoio do governo Bolsonaro para as obras do Sambódromo, que custaram R$ 8,1 milhões repassados pelo Ministério do Turismo. Foram construídos mais degraus nas arquibancadas que foram reformadas, houve troca das lâmpadas por mais econômicas e instalação de novos painéis para dar mais segurança ao público.
Segundo Marcelo Alves a vistoria dos Bombeiros no Sambódromo começou hoje e vai até o dia 14, data definida pela Justiça para que o local seja autorizado para os desfiles. O presidente da Riotur espera que, caso a Liga das Escolas e Samba do Rio (Liesa) queira fazer o ensaio de som no dia 16, tudo esteja acertado.
“Esse evento do teste de som e luz, no que compete à prefeitura estamos aptos a fazer. Cabe à Liesa tomar a decisão, mas até o dia 16 a gente espera ter essa vistoria e a liberação definitiva, que é uma missão importante, para ter uma liberação definitiva e não apenas pontual para eventos”, comentou.
No ano passado a falta de liberação do Sambódromo pelo Corpo de Bombeiros, às vésperas do carnaval, chegou a causar apreensão diante da possibilidade de não ocorrerem os desfiles das escolas de samba, uma tradição do Carnaval do Rio.