Após a chuva

Porto Alegre: 124 pessoas seguem abrigadas após enchente

A estrutura montada no Ginásio do Demhab foi desarticulada pela Fasc.

Mais de 120 pessoas seguem fora de casa após a enchente que atingiu Porto Alegre entre segunda e quinta-feira da semana passada. O nível do Guaíba atingiu o maior nível em 82 anos, atingindo 3,46 metros no Cais Mauá na terça-feira (21).

Conforme a FASC (Fundação de Assistência Social e Cidadania), estão acolhidas 124 pessoas, de 39 famílias. Todas estão no abrigo provisório instalado na Casa do Gaúcho, no Parque da Harmonia.

A estrutura montada no Ginásio do Demhab foi desarticulada. A justificativa é “otimização” do atendimento aos atingidos pela enchente.

Atingidos terão benefícios para recomeçar

A Defesa Civil segue realizando vistorias para a concessão de benefícios – o número de profissionais subirá de oito para 16. Eles irão finalizar as solicitações restantes da enchente de setembro além de apurar novas necessidades de benefícios para as vítimas do fim de novembro. Não é preciso solicitar vistoria em unidades de Centro de Referência de Assistência Social (Cras) ou subprefeituras.

Na terça-feira, 28, foi retomada a entrega de cartões com o auxílio de R$ 3 mil para compra de móveis/eletrodomésticos ou para recuperar pequenos negócios. Já foram concedidos 305 cartões e, até sexta-feira, 1º, serão mais 400 cartões disponibilizados.

Além disso, 115 famílias foram contempladas com depósitos do Estadia Solidária, outro benefício previsto no mesmo programa, que paga três parcelas mensais de R$ 700,00, podendo ser renovado por igual período.

Cheia do Guaíba teve proporções históricas

A cheia de novembro de 2023 é a terceira maior a ser registrada na história da Capital gaúcha. Em 1873, o nível do Guaíba atingiu 3,50 metros, segundo dados da PMPA (Prefeitura Municipal de Porto Alegre). São apenas quatro centímetros de diferença para a de novembro de 2023.

A maior de todas as enchentes ocorreu em 1941, quando choveu 791 mm em Porto Alegre entre os meses abril e maio, em um evento relacionado com o que, décadas depois, se chamou de El Niño. A grande cheia deixou 70 mil pessoas – um terço da população à época – sem energia elétrica e água potável. As áreas atingidas pelas águas foram do Menino Deus até o Quarto Distrito. À época a região do Humaitá e do bairro Farrapos ainda não havia sido urbanizada.

O Mercado Público ficou inundado com mais de metro de água. Ruas importantes, com a Rua da Praia (atualmente rua dos Andradas) ficaram debaixo d’água e barcos ajudaram na retirada dos atingidos.

Mercado Público (ao fundo) e Edifício Guaspari submersos na cheia de 1941. Foto: Acervo do Museu Joaquim José Felizardo
Mercado Público (ao fundo) e Edifício Guaspari submersos na cheia de 1941. Foto: Acervo do Museu Joaquim José Felizardo

Maiores cheias do Guaíba:

  • 1873 – 3,50 metros
  • 1914 – 2,60 metros
  • 1928 – 3,20 metros
  • 1936 – 3,22 metros
  • 1941 – 4,75 metros
  • 1967 – 3,13 metros
  • 1984 – 2,60 metros
  • 2015 – 2,94 metros
  • 2016 – 2,65 metros
  • setembro de 2023 – 3,18 metros
  • novembro de 2023 – 3,46 metros