A alta e a queda do dólar são notícias frequentes nos noticiários de economia. A moeda americana está na base de todas as relações comerciais desenvolvidas ao redor do globo.
Isso se deve ao fato de que o dólar está menos sujeito a alterações desde que os EUA se firmaram como a maior economia mundial. Mas por que seu valor oscila tanto?
São muitos os motivos que levam ao sobe e desce do preço do dólar, mas antes de chegar à resposta dessa pergunta é preciso entender os tipos de câmbio que operam oficialmente no Brasil: o comercial e o turismo.
Câmbios comercial e turismo
O câmbio comercial é aquele usado nas relações de compra e venda de produtos, ações e serviços em todo o mundo.
Ou seja, trata-se do câmbio utilizado para balizar as negociações realizadas entre empresas ou instituições financeiras que movimentam grandes quantias, deixando a moeda mais barata no âmbito comercial.
Já o câmbio turismo é aquele utilizado para pagar os custos relacionados a viagens ao exterior como passagens, hospedagem e todos os gastos feitos em solo internacional com dinheiro ou cartões de crédito ou débito.
A principal diferença entre as duas opções é que a última só pode ser utilizada por pessoas físicas, ou seja, a negociação não é judicial. E isso impacta diretamente no valor, onerando o dólar turismo.
A disparidade do valor entre as duas cotações se deve ao fato de que, quando operada no câmbio turismo, o valor da moeda é acrescido de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), custos de transporte, seguro e outros.
A partir disso, é possível responder à pergunta central deste texto – por que o dólar sobe? O primeiro ponto a ser entendido é que, assim como todas as relações comerciais, o valor do dólar no mercado é balizado pela lei da oferta e da procura.
Isso significa que quanto mais pessoas buscarem pela moeda americana, maior será o seu valor. Em contrapartida, quando há mais papel-moeda disponível do que gente querendo comprar, o preço cai. E essa movimentação depende de três fatores básicos: déficit/superávit da balança comercial, gastos no exterior e juros nos EUA.
Por déficit da balança comercial entendemos o desequilíbrio que acontece quando o Brasil importa mais do que exporta, significando redução na oferta de dólares e aumento da cotação.
Dessa maneira, é fácil deduzir que quando há o inverso, o superávit, o preço do dólar tende a cair diante da grande oferta disponível.
Os gastos no exterior são aqueles relativos às despesas dos turistas no estrangeiro. Quanto mais brasileiros viajando, maior a procura por dólar, maior o preço no mercado e vice-versa.
Já quanto aos juros nos EUA, funciona assim: quando estão em alta, os investidores correm para lá, já que os rendimentos ficam superiores. Dessa forma, haverá mais procura, aumentando a cotação.
O movimento inverso também acontece, puxando o preço para baixo.
Impacto da alta do dólar no Brasil
A economia brasileira é totalmente dependente da moeda norte-americana. Dos eletrodomésticos ao pão, quase tudo o que se consome diariamente está atrelado ao dólar.
Sendo assim, o dólar em alta impacta diretamente no bolso do consumidor brasileiro, para além da compra da moeda para bancar viagens de turismo. Por isso, não é difícil entender porque o dólar dispara em momentos de crise.
Além da crise global provocada pelo novo coronavírus, o Brasil ainda enfrenta o agravamento da crise política no cenário interno. Toda essa instabilidade faz com que os investidores nacionais tendam a buscar a proteção do seu patrimônio, direcionando aportes para a compra de dólares.
E com mais gente procurando o dólar, mais caro ele fica.