População de Porto Alegre recebe de volta o Capitólio

Após mais de 20 anos desativado, o Capitólio foi entregue nesta sexta-feira, 27, aos porto-alegrenses, agora, não apenas como cinema, mas como cinemateca. Com estrutura ampliada para, além da sala de exibição, sala multimídia, salas de pesquisa, biblioteca, sala de exposições e cafeteria, constitui-se no novo espaço cultural da cidade e um dos mais importantes do país. Além disso, permite à cidade voltar a ter um cinema de rua. A inauguração na manhã desta sexta-feira contou com a presença autoridades e representantes da comunidade cultural local e de outros Estados.
O espaço é dedicado ao setor audiovisual, voltado à preservação de filmes, roteiros, fotos, livros, cartazes e outros itens relacionados à memória do cinema e da produção. Para o prefeito José Fortunati, a entrega do prédio restaurado e ampliado é um momento especial para a cidade. “O Capitólio volta não apenas a funcionar, mas a ter nova vida! É um belo presente para a cidade e a cidade dando-se um presente”, disse o prefeito, ao destacar o grande número de pessoas envolvidas desde o início do processo. “Esse espaço veio para ficar e para consolidar a história do cinema gaúcho na nossa cidade”, completou. O prefeito também fez um paralelo da história do Capitólio – desde o seu fechamento até o dia de hoje – com um longametragem. No transcorrer desses últimos anos, comparou ele, houve ação, lágrimas pelas dificuldades enfrentadas e suspense quanto à continuidade do processo. “Mas com um final feliz”, festejou.

A comunidade cultural também enfatizou a importância do novo espaço para a cidade. O roteirista diretor de cinema Giba Assis Brasil caracterizou como nobre o espaço para preservação e apresentação, além do indicativo de ter uma programação especial permanente. Já o produtor, diretor e doutor em cinema, João Barone, elogiou a entrega com possibilidade de uso ainda maior. “Países que têm cinemateca estão sempre mais adiante”, comentou.
A placa inaugural foi descerrada pelo prefeito José Fortunati, pelo  vice-prefeito Sebastião Melo, pelo secretário municipal da Cultura, Roque Jacoby, pela primeira-dama, deputada Regina Fortunati, representando a Assembleia Legislativa, pela representante do Ministério da Cultura, Margarete Moraes, e pelo secretário estadual da Cultura, Vitor Hugo, representando o governo do Estado. Também participaram o representante da Petrobras, Luis Carlos Nascimento, o presidente da Fundacine, Beto Rodrigues, e o presidente da Associação dos Amigos do Cinema Capitólio (Amica), Jesus Santos. Também foi projetado o curtametragem o Início do Fim, de Gustavo Spolidoro (filmado nas ruínas do prédio).
Abertura para o público – As atividades iniciam-se nesta sexta-feira, a partir das 19h. Na sessão inaugural, além de o Início do Fim, o público assistirá ao longa Vento Norte, de Salomão Scliar (primeiro longa-metragem de ficção sonoro realizado no Rio Grande do Sul). A sessão inaugural conta com o apoio do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, que cedeu a cópia de Vento Norte para esta exibição. Ao longo do fim de semana, 28 e 29 de março, as portas também estarão abertas ao público, com exibições gratuitas de três grandes clássicos do cinema, A Doce Vida, de Federico Fellini, O Leopardo, de Luchino Visconti, e Alphaville, de Jean-Luc Godard.
História – O Cine-Theatro Capitólio foi inaugurado em 1928, permanecendo ativo até outubro de 1994, quando fechou suas portas. Em 2003, uma parceria entre Prefeitura de Porto Alegre, Associação dos Amigos e Fundacine deu início ao projeto de restauro e à captação de recursos, vindos do Ministério da Cultura, do BNDES e da Petrobras.  O projeto manteve a imponência e riqueza arquitetônica, possibilitando às novas gerações o contato com um autêntico memorial da era de ouro da exibição cinematográfica.