Após a deflagração da Operação Macchiato da Polícia Federal (PF) para apurar denúncias de lavagem de dinheiro por uma companhia de componentes eletrônicos, uma instituição financeira e o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), esta empresa pública divulgou nota informando que forneceu documentos e se colocou à disposição dos agentes para esclarecimentos sobre um fornecedor que manteve contratos de prestação de serviços firmados até julho de 2016.
“Em relação às informações apresentadas pela Polícia Federal na coletiva de imprensa, sobre as constatações dos relatórios da CGU [Controladoria-Geral da União] referentes a 2016, a administração, à época, adotou medidas administrativas e judiciais cabíveis, tão logo tomou conhecimento das informações. Ressalta-se que o Ceitec S.A. está colaborando com as operações em curso para esclarecimento dos fatos apontados pelos órgãos federais de defesa do Estado”, informou em nota a empresa pública federal.
Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (29), o delegado regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado em São Paulo, Marcelo de Carvalho, informou que são duas investigações distintas, embora haja “coincidência de alvos, portanto a deflagração conjunta é motivada por esta coincidência”.
Carvalho disse ainda que há indícios de direcionamento de licitação de contratação. “Existem dois relatórios da CGU que indicam problemas em licitações de prestação de serviços. Foram apontados indícios de que alguns produtos não teriam sido entregues para a empresa pública.”
As duas novas fases da Operação Descarte, que desde 2018 apura um esquema de lavagem de dinheiro operado por organização criminosa que operava na capital paulista, foram deflagradas na manhã de hoje pelo Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal e a Receita Federal.
Estão sendo cumpridos 29 mandados de busca e apreensão em cidades de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e de São Paulo, expedidos pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
A Operação Macchiato busca aprofundar as investigações sobre crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e de lavagem de dinheiro cometidos no âmbito de uma instituição financeira. Já a Operação Silício investiga crimes licitatórios, de corrupção ativa e passiva, de sonegação fiscal e de lavagem de dinheiro cometidos em detrimento de empresa pública federal. Os dois esquemas utilizavam a estrutura da organização criminosa, investigada desde 2018.
No âmbito da Operação Macchiato, além dos mandados de busca e apreensão, também foi deferido, pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo, o afastamento cautelar de um vice-presidente e do diretor jurídico da instituição financeira.
Durante a coletiva, os representantes da PF informaram que o nome da instituição financeira não será divulgado nesta fase da investigações. Foi ainda determinado o sequestro dos bens de 17 pessoas físicas e jurídicas envolvidas nos crimes sob investigação, até o limite de R$ 110 milhões.
A Operação Descarte foi deflagrada em 1º de março de 2018 e, desde então, contou com 12 fases, todas relacionadas a investigados que fizeram uso da estrutura da organização criminosa para a lavagem de dinheiro.