Pesquisadores que perderam material de trabalho com o incêndio no Museu Nacional, em 2 de setembro, foram convidados por uma missão diplomática dos Estados Unidos para fazer um intercâmbio no Smithsonian, instituto do governo norte-americano associado a um dos maiores complexos de museus do mundo.
O grupo tem 14 pesquisadores que tinham urgência em concluir suas pesquisas. O programa custeará as passagens e a estadia nos Estados Unidos, além de conceder uma ajuda de custo. Para o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, essas bolsas ajudam a instituição, por permitirem que os pesquisadores continuem trabalhando.
A mestranda em patrimônio geopaleontológico Beatriz Hörmanseder, de 26 anos, foi uma das selecionadas para o intercâmbio. Desde a graduação, ela trabalhava em um fóssil de crocodilo anão encontrado no Ceará que estava em vias de ser identificado como uma nova espécie em sua dissertação de mestrado. Com o incêndio, os restos do animal foram destruídos, obrigando a pesquisadora a começar no zero, analisando outro espécime.
“Perdi um exemplar que é único. Um projeto que era único”, diz ela, que conta ser raro um pesquisador ter a oportunidade de descrever uma espécie nova na paleontologia. “Agora, vou descrever um animal que eu ainda não sei. Já tinha muita coisa escrita do anterior. Toda a bibliografia. Mas agora é começar do zero”.
Beatriz vai trabalhar na descrição de outro espécime de crocodilo, cujo fóssil foi encontrado nos Estados Unidos em 1914 e guardado anos depois no Brasil, no Centro de Pesquisa de Recursos Minerais.
Em seu intercâmbio no exterior, a pesquisadora vai aproveitar para comparar esse fóssil com outras espécies já descritas nos Estados Unidos. A viagem de 18 dias dará a ela a oportunidade de receber orientação de pesquisadores estrangeiros que faziam parte de sua bibliografia. “É uma oportunidade única. Vou conhecer pessoas que eu só lia em artigos científicos”, diz ela.