O último final de semana foi quase perfeito para o jovem Francisco “Kiko” Porto, considerado a maior revelação do automobilismo nordestino. O piloto pernambucano, de apenas 17 anos, conseguiu duas poles e dois pódios nas três provas do Indianápolis Motor Speedway, em Indiana (Estados Unidos), na quarta etapa da US F2000, categoria de acesso à Fórmula Indy. E teve mais: para conseguir uma dessas poles, o piloto da equipe DEForce Racing bateu o recorde do circuito misto de Indianápolis, com o tempo de 1min24seg752.
“Representou uma superação. Nas primeiras etapas não vínhamos correndo bem. E conseguimos ajustar um problema no motor e já partimos para o teste, e saiu esse baita tempo. A equipe e eu tiramos uns 1000 quilos das costas. Foi demais. Um final de semana sensacional. Usamos praticamente o mesmo circuito das provas de Fórmula 1 em Indianápolis, com apenas uma ou duas mudanças de curvas”, contou o piloto em entrevista à Agência Brasil.
De quebra, ele teve ao lado, na primeira fila, seu amigo e compatriota, Dudu Barrichello – que cravou o segundo tempo, para fechar a primeira fila 100% brasileira. “O Dudu, filho do Barrichello, é meu amigo, meu irmão. A gente se conhece desde a época do kart no Brasil. Andamos juntos desde 2018, quando ainda estávamos na F4. O Rubinho é um cara sem palavras, fenomenal, coração gigante. E sabe muito de automobilismo”, comentou.
A etapa de Indianápolis foi a terceira com a participação do brasileiro. Na prova inicial, ele não pôde viajar para os Estados Unidos devido a restrições por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Atualmente, Kiko Cardoso é 9º colocado na classificação geral. A parir das próxima sexta-feira (12), e também no fim de semana – 12 e 13 de setembro – o brasileiro tem mais uma rodada tripla, desta vez em Mid-Ohio, que terá transmissão ao vivo no site da F-Indy.
Sonho de viver de automobilismo
A temporada de 2020 é a primeira do pernambucano na US F 2000, depois de ser vice-campeão na Fórmula 4 norte-americana no ano passado. “Os carros são bem diferentes. O motor na US F é mais nervoso. Podemos atingir mais de 240 km/h. Acredito que o freio também é um pouco melhor, conseguimos brecar mais dentro da curva”. Kiko explica também as diferenças entre a US F 2000 e a F4. “A US F é a primeira categoria para o piloto que quer chegar à Fórmula Indy. Depois tem Indy Pro e Indy Light”.
Motivado, o jovem piloto, no entanto, prefere deixar em aberto os objetivos futuros. “Quando eu tinha 10, 13 anos, é claro, que queria a Fórmula 1. Mas, aos poucos, a gente vai se dando conta de que o preço da Fórmula 1 é algo astronômico. Então, temos que ir buscando opções. E até mesmo na Indy tem muito piloto bom. Muitos caras migrando da Europa para os Estados Unidos. Só que ainda é algo um pouco mais viável em termos financeiros. Agora, não descarto nada. De repente, uma Fórmula E, Porsche, DTM, Mercedes.. É tudo questão de convite e teste. O meu grande sonho é viver de automobilismo”, revela.
Domínio no kart brasileiro
O jovem piloto pernambucano partiu para o automobilismo internacional depois de vencer praticamente tudo no Brasil. Ele é pentacampeão paraibano, tetra pernambucano e bi alagoano de kart. Em 2016, ele foi campeão brasileiro pela primeira vez. E aí veio o convite para participar do Mundial da modalidade. Nesse torneio, ele chegou a conquistar a etapa da Finlândia. “Foi bem difícil conseguir aquela vitória. Estavam presentes os campeões e vices de vários países. Só gente boa”. Na temporada, Kiko Porto foi o terceiro melhor do mundo no Kart.
Conquistas que lhe valeram o convite do piloto Dudu Barrichello para fazer parte da equipe do pai dele, Rubens Barrichello, na disputa das 500 Milhas da Granja Viana em São Paulo, em 2017. Ele não só foi, como venceu e comemorou o título. “Quando veio o convite fiquei tenso. Não podia fazer feio na equipe do Rubinho. Mas foi um baita evento. Bem tradicional em São Paulo. São 12 horas de corrida com pilotos de destaque internacional. Nível alto e bem competitivo”.
Depois disso tudo, Kiko e a equipe perceberam que era chegada a hora de dar o próximo passo, e partir para disputar corridas nos carros das categorias mais pontentes (Fórmula E, F1, F-Indy). “A minha equipe e eu vimos que já estávamos com uma bagagem bem legal. Já tínhamos passado por praticamente tudo. Era a hora mesmo de partir para o próximo desafio. E foi aí que decidimos partir para a Fórmula 4”, concluiu.