“Toda vez que vou nadar eu penso no meu irmão. Ele é uma fonte de inspiração para a minha vida. Gostaria que ele estivesse aqui para ser o braço direito que eu não tenho.” Assim o nadador Bruno Becker fala do irmão Marcelo, que morreu afogado em 2005, com 13 anos de idade, em uma cachoeira na cidade de Atalanta, pequeno município do interior de Santa Catarina.
A homenagem já demonstra a ligação do atleta com a água e a família. “Eu procurei dar mais alegrias para eles depois que o meu irmão se foi. Sei que todos eles gostam muito da água. E continuar buscando desafios me pareceu a melhor forma. Meu primeiro treino foi no dia do aniversário dele, 13 de fevereiro de 2012”, diz o jovem de 28 anos que, por ser portador de uma anomalia congênita, não tem as duas pernas e um braço. Mesmo assim, Bruno driblou todas as adversidades e conseguiu a vaga na seleção brasileira de natação paralímpica.
Estreia em competições internacionais
O Parapan deste ano marca a estreia do nadador catarinense fora do Brasil. E ele já deu a sua contribuição para o país no quadro de medalhas: foi bronze nos 200 metros livre. “Demais, mas ficou aquele gostinho de ‘quero mais’. Tive um erro técnico que me custou a prata. Eu vinha em uma balada muito boa, poderia ter sido melhor. Mas o mais legal aqui tem sido a alegria e a acolhida dos peruanos e a felicidade dos brasileiros com as nossas conquistas”, comemorou.
Sair do interior de Santa Catarina, conseguir a vaga na seleção brasileira, conquistar medalha na estreia em Parapans. Mas o nadador ainda quer mais. Ele tem outras três provas em Lima: 50 metros borboleta e 50 e 100m livre. Depois, ele parte com a seleção para o Mundial de Londres e sabe bem o que precisar fazer lá. “Meu foco é a prova dos 200m. Preciso corrigir alguns erros. É ela que vai me garantir o índice para Tóquio, o meu grande sonho”.