O candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) disse hoje (19) que a Justiça Eleitoral é analógica e está demorando para dar uma resposta ao que caracterizou como crime eleitoral cometido na forma de um “tsunami cibernético”. Ele se referiu à suspeita da existência de um grupo de empresários que financiaria a disseminação de notícias falsas anti-PT.
No Rio de Janeiro para participar de um debate promovido pelo Clube de Engenharia, Haddad ressaltou que o resultado no primeiro turno foi influenciado por essas manobras virtuais, inclusive na eleição para o Congresso Nacional.
“É uma justiça analógica para lidar com problemas que são virtuais. O que aconteceu no final do primeiro turno já é muito grave, não pelo fato de a campanha presidencial ter sido influenciada, mas muitos parlamentares do novo Congresso, uma parte foi eleita com base nessa emissão de mensagens em massa pelo WhatsApp. Santinhos foram distribuídos em massa, isso custou dinheiro e o dinheiro não foi declarado.”
Calúnia e difamação
Haddad afirmou que a disseminação de fake news é associada aos crimes de calúnia e difamação. “No meu caso é um pouco mais grave, porque além do caixa 2 e da compra de cadastro, duas práticas ilegais, você tem a calúnia e a difamação.”
Para o candidato, a Justiça não pode se omitir diante dos acontecimentos. “Mesmo o santinho é ilegal com campanha em massa, então, vai ter um desequilíbrio daqui pra frente se a Justiça fizer vista grossa para o dinheiro de caixa 2 entrando nos cofres dessas empresas de tsunami cibernético, como eu chamei essas ondas de emissão de mensagens. Na minha opinião, a justiça deveria se debruçar sobre isso inclusive nessa campanha, porque nós estamos a 10 dias do segundo turno.”
Debate
No fim da manhã, Haddad participou de um debate organizado pela Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), e Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais do Ensino Superior (Andifes).
Ao discursar para a plateia, o candidato disse que o Brasil passa por uma situação tão peculiar que as pautas que permeiam a campanha eleitoral de 2018 são as mesmas das décadas de 1950 e 1970.
“Defender a Petrobras e a CLT era uma pauta do movimento progressista dos anos 50. A mesma elite, com o mesmo sobrenome às vezes, que atacava a Petrobras e os direitos trabalhistas, encontra no meu adversário um representante dos seus anseios, sempre antinacionais e antissociais. Já foi dito que há ricos no Brasil, mas não há uma elite propriamente dita, porque os ricos do Brasil não têm compromisso nem com o território nem o povo. Defendemos também uma pauta dos anos 70, estamos defendendo a Amazônia, a soberania nacional. O meu adversário é entreguista”.
A associação dos engenheiros da Petrobras entregou a todos os candidatos o documento Programa Setorial para as eleições gerais de 2018: Soberania e Desenvolvimento – Energia e Petróleo, no qual defende 18 medidas, como a “reversão da privatização de ativos estratégicos, alteração da política de preços da Petrobras, desenvolvimento de política de conteúdo local e garantia de direito estatal como operadora única do pré-sal”.
Ato de apoio
Após o evento no Clube de Engenharia, Haddad se dirigiu, de carro, ao Buraco do Lume, a 250 metros do clube, onde ocorria um ato em apoio à sua candidatura, com parlamentares do PSOL. Ele discursou rapidamente e disse que é possível conter o tsunami cibernético.
“Nós descobrimos o esquema do Bolsonaro no WhatsApp. Os empresários que estão colocando dinheiro ilegal na campanha dele não vão poder fazer isso na semana que vem porque pode acontecer de a Polícia Federal rastrear e ter alguma prisão. Isso para nós é muito importante”.
Ao lado do deputado federal eleito Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Haddad homenageou Marielle Franco, vereadora assassinada em março. “Era uma representante da sua comunidade, uma pessoa que empunhou bandeiras muito importantes para a nossa sociedade.”
O candidato do PT criticou as propostas que visam a armar a população. Segundo ele, há o risco de transformar o país em um Estado miliciano. Ele reiterou que está à disposição para participar de debates.