Cotidiano

País deve extrair 5,5 milhões de barris de petróleo por dia em 2027

A produção de petróleo vai atingir 5,5 milhões de barris por dia em 2027, segundo estimativa do diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, apresentada no 49º Congresso Brasileiro de Geologia, no ...

A produção de petróleo vai atingir 5,5 milhões de barris por dia em 2027, segundo estimativa do diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, apresentada no 49º Congresso Brasileiro de Geologia, no Centro de Convenções SulAmérica.

Durante a palestra A retomada da indústria de petróleo e gás no Brasil, ele revelou que estudos realizados pela empresa Shell indicam que na mesma época o Brasil terá condição de exportar de 6 milhões a 7 milhões de barris por dia de petróleo, o que mostra uma produção superior a estimada por ele. “Eu falo que a produção estará em 5,5 milhões, e dizem que sou otimista, e essas companhias fazem estudos e sabem o potencial brasileiro. Nós precisamos ter a capacidade de ter gestão suficiente para fazer isso acontecer”.

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, anuncia consulta pública para debater periodicidade do repasse dos reajustes de preço dos combustíveis.

Diretor-geral da ANP, Décio Oddone, prevê produção de 5,5 milhões de barris de petróleo por dia em 2027 (Arquivo/Agência Brasil)

Pelos números de junho deste ano, a produção de petróleo no Brasil atingiu 2,6 milhões de barris por dia (bpd), enquanto o gás alcançou 115 milhões de m³/d no mesmo mês.

Na visão do diretor da ANP, um dos desafios do setor para os próximos anos é acelerar os investimentos, além de maximizar a produção e a recuperação dos reservatórios, e atrair os investidores corretos para cada ambiente. Oddone lembrou que o setor tem como característica projetos de longo prazo, que requerem maiores volumes de recursos. A média histórica entre a assinatura de contrato de exploração e o início da produção é de 8 anos no mar e de 6 anos na terra. “É por isso que a retomada não vai ser tão rápida”, explicou, estimando a retomada para o fim de 2019 ou início de 2020.

Segundo Oddone, para a área do pré-sal os players corretos são as grandes empresas. Já na área offshore convencional além de grandes empresas, devem ser incluídos os especialistas em exploração e operadores de campos maduros, enquanto na área onshore os investidores devem estar entre pequenas e médias empresas.

Licitação

O diretor-geral da ANP lembrou que no dia 28 de setembro a agência reguladora vai realizar a 5ª Rodada de Licitações de Partilha de Produção no polígono do pré-sal, quando serão ofertados os blocos de Saturno, Titã e Pau-Brasil, na Bacia de Santos, e Sudoeste de Tartaruga Verde, na Bacia de Campos. A Petrobras demonstrou interesse apenas em atuar como operadora em Tartaruga Verde, o que deixará para os outros interessados a disputa de participação em 70% da área.

As empresas têm até a próxima segunda-feira (27) para entregar os documentos de manifestação de interesse e de qualificação e pagar a taxa de participação. O prazo para a entrega das garantias de oferta será até 13 de setembro. Os contratos dos vencedores serão assinados até 26 de novembro deste ano. Na modalidade de partilha, são consideradas vencedoras as propostas que oferecerem o maior percentual de óleo para a União.

A Petrobras anunciou a chegada da plataforma de petróleo, P-67, ancorada na Baía de Guanabara, destinada ao Sistema de Produção do Campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos.

ANP agiliza estudos para acelerar produção de petróleo (Arquivo/Agência Brasil)

Das quatro áreas, duas vão ser ofertadas em sistema de concessão, que em função de uma decisão do TCU foram incluídas nessa rodada adicional, não prevista inicialmente. As outras duas já tinham sido ofertadas ano passado e voltam agora. “A gente vai ter um leilão muito positivo, como tem tido no pré-sal, desde que a gente começou a leiloar os ativos do pré-sal. Essa rodada em 28 de setembro vai ser mais uma demonstração de que a indústria olha no longo prazo e que o Brasil, para esse ripo de investimento, continua atraente no longo prazo”, disse.

Oddone informou que a ANP está realizando estudos, que devem estar concluídos até setembro, para acelerar a produção nos campos maduros. “É um trabalho interno que a ANP está fazendo e tem como objetivo identificar medidas que possamos tomar dentro do campo regulatório, com ações que possamos recomendar ao Cade ou ao Conselho Nacional de Política Energética para acelerar a produção nos campos maduros do Brasil. A gente deve ter isso pronto até setembro para apresentar os resultados em outubro”.

Centro de pesquisa

Oddone anunciou que a agência, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e a Petrobras estão desenvolvendo um projeto para a criação de um Centro de Pesquisas de Rochas e Fluídos, que vai armazenar o material obtido na área do pré-sal, possivelmente, no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, para se juntar a outros centros de pesquisas do local.

“Transformando aquela região, efetivamente, em um polo de pesquisas na párea de óleo e gás, que já é relevante e também com armazenagem de rochas no Centro da CPRM na Bahia e Manaus. Com isso a gente vai dar ao serviço geológico brasileiro um grau de sofisticação aos três maiores do mundo, que são o do Canadá, dos Estados Unidos e da Austrália. Não existe nada no país nesse nível. É absolutamente revolucionário”, disse.

Para o presidente do Núcleo RJ da Sociedade Brasileira de Geologia e da Comissão Organizadora do Congresso, professor Hernani Aquini Fernandes Chaves, a criação do centro de pesquisa vai ser importante para evitar a perda de informações sobre as rochas. “Nós estudamos o subsolo através da sísmica e de outros métodos, mas só as rochas que se coletam nos poços é que nos contam a verdade geológica. É daí que a gente faz toda a extrapolação para interpretar a situação de deposição, se a rocha é geradora de petróleo, onde o petróleo migrou. Essas rochas são fundamentais para o conhecimento”, disse o geólogo.