Opinião: Sensação de injustiça

Ao ver casos como o da menina sequestrada e violentada por um homem de 41 anos que possui antecedentes de pedofilia e tentativa do mesmo crime nos vemos possuídos por uma raiva justa, de justiça, de querer fazer o bem, o que é certo.
Nosso senso, no entanto, ao ver que a Justiça não é feita pela ordem da lei se aguça e extrapola o limite do “certo”. No caso da menina, houve uma informação de que pessoas queriam linchar o acusado de praticar os crimes. Mesmo não tendo sido confirmada, a sensação de que o homem poderia “escapar” nos deixa na vontade de fazer justiça nas próprias mãos.
Por mais que tenhamos essa vontade ela é errada. Um crime não é punível com outro crime. Aquele que cometer o segundo terá, pela prerrogativa da lei, que pagar por este mesmo que seja para vingar uma causa justa.
O problema da falta de justiça, da insegurança, da falta de médicos, de medicamentos das escolas precárias, daquele buraco na rua da sua casa e de tantos outros problemas cotidianos é nosso.
Por exemplo, você sabia que o Código Penal Brasileiro é de 1941, do período ditatorial de Getúlio Vargas? Pois então, se passaram 75 anos e ele continua em vigor sendo apenas remendando quando é necessário e olhe lá. Todas as penas previstas em lei são consideradas ultrapassadas por qualquer jurista que você consulte.
É claro que temos os problemas das cadeias. Mas será que elas estariam tão lotadas se o crime não fosse de recompensa fácil? Se um crime comum desse uma pena muito grande e não houvessem tantas brechas – e recursos – disponíveis, será que os jovens seriam recrutados como soldados para uma guerra?
Claro que é difícil prever como seria. Existem centenas de fatores e variáveis. Não defendo anistia, tampouco guilhotina. Precisamos rever nossos preceitos, nossas escolhas.
O cerne dessa questão é, sem dúvida, a questão política. Precisamos de pessoas que façam o que precisa ser feito. Reforma, mudança, transformação, passo adiante. O cidadão precisa, na urna e na rua, dar um basta nos esquemas de corrupção que não são capitaneados apenas por uma pessoa.
Ou mudamos o país ou situações como a da menina de Capão, os assassinatos, os latrocínios e tantas outras situações vão continuar se repetindo.


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