A extradição do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato pela Itália encerra o sonho de liberdade e anonimato que ele acalentou desde que a condenação no processo do mensalão se tornara uma questão de tempo.
Com a mulher, Andrea Haas, Pizzolato viveu a ilusão de que poderia “sumir no mundo”. Foi com esse desejo de difícil realização que Andrea, depois que o marido já estava na Itália, visitou parentes de ambos em São Paulo, Santa Catarina e outros Estados. Foi avisar que o ex-diretor já fugira do País e não voltaria. Só então embarcou para a Europa para se juntar a ele.
Pizzolato acreditava nisso quando deixou o apartamento onde morava, no Rio de Janeiro, e embarcou no automóvel de um amigo rumo à Argentina, em uma madrugada de setembro de 2013. Deixou informações desencontradas – uma colaboração dos amigos para confundir as autoridades.
O ex-diretor, no entanto, cometeu na fuga erros facilmente rastreados pela Polícia Federal brasileira, pela Interpol e pelos Carabinieri (a polícia italiana) até sua captura. A passagem de avião de Buenos Aires (Argentina) para a Europa fora comprada para Pizzolato por Andrea com o cartão de crédito dela.
No Velho Continente, o casal usava um Fiat Punto vermelho facilmente identificável e registrado em nome dela. Eles se instalaram em La Spezia, pequena cidade no litoral italiano, e demonstraram ter recursos que se destacaram no local. Foi na casa de um parente que não tem o sobrenome de Pizzolato, em Pozza di Maranello, a meia hora de Modena (Norte da Itália), que o ex-diretor foi preso. Sentiam-se seguros na discreta casa de classe média, mas lá ele foi detido pelos Carabinieri.
Pizzolato insistiu para os policiais italianos que era Celso, identidade do irmão morto que usara para deixar a Argentina. Apresentou, sem sucesso, documentos falsificados. Um crime menor, mas suficiente para enfraquecer o argumento de que era um perseguido político. E, claro, pavimentar seu caminho de volta ao Brasil, direto para presídio da Papuda, em Brasília.