Nutrição, manejo e preparação física dos animais na reta final para a Expointer

A preparação dos animais para a disputa nas pistas da Expointer é resultado de um longo trabalho que se intensifica nos dois meses que antecedem uma das maiores mostras agropecuárias da América Latina. A edição 2016 da feira ocorre entre os dias 27 de agosto e 4 de setembro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Para brigar por grandes campeonatos, cabanheiros e produtores rurais aperfeiçoam nutrição, manejo e preparação física, fatores que fazem a diferença na hora de arrematar o título. Neste ano, são 4.285 animais de argola e 2.087 rústicos.
“A reta final é para a manutenção e cuidados anti-estresse”, resume o veterinário da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação e vice-presidente do Conselho de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul, José Arthur Martins. Segundo ele, os animais precisam chegar em condições mais similares possíveis às que vão encontrar no parque.
Com 15 exemplares das raças Holandesa e Jersey participando da 39ª edição da Expointer, os cuidados na Granja e Cabanha VB, de Eldorado do Sul, se aceleraram nos últimos 60 dias. De acordo com o criador Ricardo Biesdorf, além das refeições balanceadas, incluindo pastagem e ração (que varia de acordo com a idade e a produção de cada animal), a preparação inclui caminhadas, música gauchesca, banhos diários, tosquia e o acabanhamento, já que os animais passarão ao menos nove dias no pavilhão do gado leiteiro.
A ideia é deixar o animal o mais próximo possível do clima que vai encontrar na feira. Com 6 anos, Giorgia 1182 Denzel vai disputar mais um campeonato na Expointer. Neste ano, ela foi campeã na categoria vaca adulta na Expoleite-Fenasul e reservada grande campeã na Festleite, em Anta Gorda. “A Expointer é vitrine e mercado. A feira valoriza os animais e a genética dos que vão para a mostra e isso também acaba levantando a média de preços da cabanha”, explica. Neste ano, a representação do gado Holandês na Expointer teve um incremento de 17% em relação a 2015 – 161 animais inscritos de 36 expositores ante 137 exemplares de 22 expositores.
Em Glorinha, na Cabanha Catanduva, são três filhos de campeões da raça Angus que entrarão em pista em busca de títulos: a novilha Maya Catanduva Catarina, de dois anos, fruto de uma parceria com a Cabanha da Maya, de Bagé; a terneira Cristal, de 10 meses; e o terneiro Cerrito, também com 10 meses. O bem-estar animal é uma preocupação constante da família Gomes.
O cabanheiro Anderson Sena da Silva trabalha na preparação de Maya Catanduva, que vai concorrer na categoria novilha maior. “A gente cuida, dá carinho, alimento e bastante água”, conta. “Ela é mansinha e estamos trabalhando para que ela chegue lá e faça bonito”, afirma. A expectativa é que a fêmea seja uma excelente reprodutora.

Genética e morfologia

De acordo com o proprietário da Catanduva, Fábio Gomes, os campeões de feiras são os mais perfeitos do ponto de vista morfológico e de conformação, dentro do que se espera das características da raça. Entre as características do Angus, por exemplo, estão bastante volume de carne e longo arqueamento de costela. “A partir da escolha da Expointer vai se valorizar a genética que o animal tem”, completa o criador, ressaltando que a mostra representa uma importante vitrine para os agropecuaristas.
Presidente da Comissão de Exposições e Feiras da Farsul, Francisco Schardong destaca ainda que a preparação dos animais começa levando em conta os aspectos sanitários, ainda na propriedade. Se o exemplar tiver qualquer problema, não pode entrar no parque. “A preparação é cada vez maior. Temos cabanheiros que são verdadeiros artistas”, sintetiza.