Anunciada pelo governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, a possível divisão da Secretaria Estadual de Segurança preocupa autoridades da intervenção federal para a área de segurança pública do estado. No fórum do Observatório Militar da Praia Vermelha, na Escola de Comando e Estado Maior do Exército, na Urca, na zona sul, realizado hoje (11), o interventor federal, general Walter Braga Netto, e o secretário de Segurança, general Richard Nunes, disseram que o plano de transição para a área de segurança estava contando com a continuidade do organograma da área.
“Todo o planejamento foi feito em cima disso, e todo o legado foi pensado nessa estrutura. Essa é a minha preocupação com a transição”, disse Braga Netto, em palestra de abertura do evento. “Essa é a grande preocupação que nós temos. Como vai se adaptar o legado que nós vamos deixar com a nova estrutura que está sendo difundida na imprensa”.
Ao responder perguntas de jornalistas, o secretário estadual de segurança, Richard Nunes, disse que a separação das polícias em duas secretarias pode gerar dificuldade administrativa e de integração das inteligências da Polícia Civil e da Polícia Militar.
“[O fim da Secretaria de Segurança] impacta bastante e nos preocupar muito. Em nosso entendimento, se ela fosse desnecessária, nós teríamos feito isso [extinguido]. Nos preocupa bastante como vai ser a transição sem uma secretaria que possa integrar as polícias e seguir esse processo”, disse Richard Nunes.
A diretora-presidente do Instituto de Segurança Pública, Joana Monteiro, dirigente do órgão diretamente vinculado à secretaria, considerou ser importante que o Iinstituto mantenha o acesso aos dados das duas polícias.
Em nota, a assessoria de imprensa do governador eleito afirmou que Witzel considera as recomendações e sugestões bem vindas, agradeceu o trabalho realizado pela intervenção e prometeu que seu governo aproveitará o legado deixado.
Caso Marielle
O secretário estadual de segurança criticou a divulgação de trechos do depoimento do suspeito Orlando de Curicica ao Ministério Público Federal, que também investiga o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes. Reportagem da TV Globo noticiou que Curicica disse ter sido pressionado a assumir a culpa pelo crime. Condenado pelo envolvimento com um grupo miliciano e preso em um presídio federal, ele acusou ainda a Polícia Civil de acobertar matadores como os que teriam executado a vereadora em 14 de março deste ano.
O general Richard Nunes afirmou que há muita desinformação sobre o caso e que Curicica está sendo beneficiado pelo noticiário.
“Muito ajuda quem não atrapalha. Tenho visto muita gente dando palpite e se envolvendo no caso sem ter o mínimo conhecimento do que está acontecimento. A Divisão de Homicídios tem feito um trabalho excepcional, um trabalho bastante complexo em um crime de difícil elucidação.”
Nunes disse não acreditar que “dar voz a um prisioneiro que está em uma penitenciária federal pela prática de vários crimes possa contribuir para a elucidação do caso. O maior beneficiário do noticiário tem sido um criminoso que fez com que sua voz fosse ouvida de maneira totalmente desqualificada”.
Sobre o movimento do Ministério de Segurança Pública de investigar o crime por meio da Polícia Federal, ele afirmou que a iniciativa “faz parte desse processo de desinformação”.
“Muita gente tem buscado holofotes na elucidação desse caso e não se tem contribuído com nada. Dizer que vai investigar a investigação, a meu ver, é fazer aquilo que um prisioneiro pediu para fazer.”