Mutilações dificultam identificação de corpos das 31 vítimas de chacina em Roraima

O trabalho de identificação dos corpos das vítimas da chacina na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, é dificultado pelo estado dos cadáveres. De acordo com o IML (Instituto Médico Legal) em Boa Vista, vários corpos estão mutilados.

Pelo menos 22 dos 31 corpos foram periciados, mas apenas cinco até o momento foram identificados. O IML espera terminar o trabalho de identificação até o final de domingo (8).

Do lado de fora do prédio, parentes aglomeram-se em busca de informação sobre as vítimas desde as 6h, horário local. Caso não seja possível identificar os corpos pelas impressões digitais, os legistas analisam o DNA das vítimas.

Segundo o secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel Castro, “Houve uma matança generalizada por pessoas de má índole. Cabeças foram decepadas, foram tirados corações e vísceras”, lamentou o secretário.

Visitas suspensas

As visitas na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, que ocorrem todos os domingos, estão suspensas. O Governo de Roraima só autorizou as visitas na Cadeia Pública masculina e feminina, que ocorrem neste sábado (7).

Na madrugada de quinta para sexta-feira 31 detentos foram mortos na maior penitenciária do Estado, na zona rural de Boa Vista. O local abriga facções criminosas rivais.

Terceiro maior massacre

A rebelião que causou trinta e uma mortes na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo é o terceiro maior massacre em presídios do Brasil. O massacre só fica atrás dos episódios do Carandiru (SP), onde 111 presos foram mortos, e de Manaus (AM), com 56 mortes.

De acordo com a imprensa local, que divulgou imagens como sendo da rebelião desta sexta-feira, presos podem ter sido decapitados. O presídio é administrado pelo próprio Estado.

Penitenciária abriga quase o dobro de sua capacidade

Palco de mais uma chacina de presos, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, abriga quase o dobro da sua capacidade de detentos. Esta é a maior unidade prisional de Roraima. Segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania de Roraima, o estabelecimento prisional comporta até 750 detentos. No entanto, até essa quarta-feira (4), acolhia 1.456. É mais que a metade dos 2.621 reeducandos do estado.

Só o total de presos provisórios – 898 – já supera em muito a capacidade da penitenciária, que é a maior do Estado e é administrada pelo Governo Estadual. 458 já sentenciados cumprem pena no regime fechado e 100 no regime semiaberto.

Há ainda 19 presos que, por motivo de saúde, foram autorizados pela Justiça a cumprir a pena ou aguardar a sentença em regime domiciliar, ou seja, em casa.

Alteração no número de mortes

A Secretaria de Justiça e Cidadania de Roraima informou, na noite de sexta-feira (6), por meio de nota, que o massacre deixou 31 mortos. Durante todo o dia, a secretaria havia informado que era de 33 o número de vítimas. Segundo a nota, a revisão ocorreu após o trabalho da perícia.