Cotidiano

Museu Nacional recebe bolsas de pesquisa do governo do Rio

O Museu Nacional, instituição científica mais antiga do país, ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que foi destruído em um incêndio no dia 2 de setembro do ano passado, recebeu hoje (13) recursos no total de R$ 2,592 milhões, que serão divididos em bolsas para 72 pesquisadores da instituição. As outorgas foram entregues nesta quarta-feira (13), em cerimônia no Palácio Guanabara, sede do governo do estado.

Os recursos vieram da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), pelo edital Apoio Emergencial ao Museu Nacional – 2018. Cada pesquisador receberá R$ 3 mil por mês durante um ano.

Segundo o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, com isso, os pesquisadores da instituição agora contam com verba para trabalhar. “Foi fundamental, enche de orgulho. Imagina, você não tem nada e de repente recebe R$ 3 mil por mês. Independentemente de todos os outros problemas, vai poder fazer alguma coisa, fazer uma viagem, pagar alguma coisa para o aluno, fazer a sua coleta. Isso é fundamental, foi muito importante.”

O reitor da UFRJ, Roberto Leher, explicou que o trabalho de reestruturação do museu segue três linhas, e a infraestrutura cotidiana da pesquisa, fomentada pelo apoio da Faperj, é a terceira delas. “A primeira é a reconstrução e a requalificação da edificação principal. A segunda linha é a necessidade de manter a nossa infraestrutura de pesquisa organizada, bem estruturada, naquilo que denominamos de anexo ao Museu Nacional, onde vamos organizar os espaços de acervo, laboratórios e laboratórios multiusuários.”

O governador Wilson Witzel disse que os recursos da Faperj são apenas a primeira contribuição do Executivo estadual para a reconstrução do Museu Nacional. “São pesquisadores, vão reconstruir a parte histórica, fazer a reconstrução do museu, de tudo o que foi perdido em termos de pesquisa. Eles vão refazer as pesquisas para que possamos fazer a reconstrução daquilo que [o museu] era antes de pegar fogo. São dezenas de pesquisadores, cada um na sua área, para poder fazer a reconstrução daquilo que foi perdido.”

Witzel convocou a população para colaborar por meio do que chamou de SOS Museu. Logo após o incêndio, foi criada a iniciativa Museu Nacional Vive, para receber colaborações, inclusive financeiras. “Convido você a fazer a doação para o SOS Museu – eu também vou fazer a minha. Nós precisamos de R$ 300 milhões”, disse o governador.

Reconstrução

Exposição Museu Nacional Vive - Arqueologia do Resgate, a primeira com peças retiradas do incêndio, no Centro Cultural Banco do Brasil.

Peças resgatadas do incêndio no Museu Nacional expostas no CCBB, no Rio – Arquivo/Agência Brasil

Alexander Kellner informou que o trabalho de resgate continua e que os pesquisadores têm encontrado muito mais material e em melhores condições do que se esperava, pelas proporções do incêndio.

Dos R$ 300 milhões estimados para a reconstrução total do prédio principal, incluindo as obras arquitetônicas e adequações para uso museológico, R$ 55 milhões já foram conseguidos, por meio de uma emenda parlamentar impositiva destinada à instituição pela bancada federal do Rio de Janeiro.

“Continuamos com a verba emergencial, para dar segurança, para que as pessoas possam continuar fazendo o resgate. Depois vamos investir na fachada, porque é um projeto mais simples. A fachada não pode mudar, então não tem que pensar muito, só ver como recompor aquilo”, explicou o diretor do museu. O edital para a reforma da fachada já foi publicado.

Kellner citou também a verba de R$ 5 milhões repassada pelo Ministério da Educação para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) fazer o projeto executivo. “A Unesco vai fazer o projeto, tanto da questão museológica do palácio quanto da nova disposição do museu. Aí a gente vai saber se custa os R$ 300 milhões mesmo, que estão dentro da estimativa correta, para a reestruturação total do palácio.”

O diretor do museu informou que as obras serão iniciadas ainda neste ano. Também neste ano, deve ser retomada a visita pública a uma parte do acervo. “Temos condições de já abrir o Museu Nacional este ano. A gente tem a área do horto botânico, para que as crianças da sociedade carioca possam começar a visitar o museu. Claro que é algo pequeno, mas é uma coisa para que as visitas possam voltar. Agora vou cobrar mais ajuda direto do governador, já que ele se comprometeu”, brincou Kellner.

Ele destacou que duas exposições, em cartaz na Casa da Moeda e no Centro Cultural Banco do Brasil, estão disponibilizando acervo do Museu Nacional para visitação pública.