Um assassinato chocou a comunidade de Bagé, na região da Campanha. A menina Mirela Silva Rodrigues, 5 anos, foi encontrada morta, na manhã de ontem, próximo à Agrovila, em um matagal. Mais tarde, a mãe, Michele Silva Rodrigues, 32, confessou e foi indiciada como autora do crime. As informações são do Jornal Folha do Sul Gaúcho.
Conforme o delegado responsável pela investigação, da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Bagé, Luís Eduardo Benites, a mãe asfixiou a menina até a morte e jogou o corpo no matagal, perto do Parque do Gaúcho, na avenida Visconde de Ribeiro Magalhães. “Começamos o trabalho de investigação e de ouvir depoimentos, às 10h. Quando ouvimos a suspeita, ela confessou que havia matado a criança. A acusada isentou o companheiro do crime e relatou que tinha problemas de relacionamento com a filha. Também contou que a menina morava com uma vizinha”, ressaltou.
Benites informou que a investigação ainda está em curso e quando requereu o pedido de prisão, foi deferido pela 2ª Vara Criminal. “O Ministério Público acolheu a denúncia e ela foi presa preventivamente. A acusada relatou que matou por asfixia a criança e levou o corpo para um campo próximo”, acrescentou o delegado.
De acordo com a Brigada Militar, testemunhas informaram que o homicídio teria sido motivado pelas brigas entre a mãe e o padrasto da criança. Eles brigavam muito e o padrasto não aceitara a filha de um primeiro casamento.
As testemunhas também contaram que a família da menina era de Caxias do Sul, e que a mulher havia ido para Bagé há cerca de dois meses. Vizinhos também informaram que a menina era hiperativa, que a mãe não tinha um bom relacionamento com ela e não queria seguir com a guarda da criança.
Segundo o conselheiro tutelar Everaldo Cruz, uma denúncia anônima de maus-tratos havia sido feita no dia 28 de janeiro. “Fui até o local para prestar atendimento e verificamos as condições de vida. A menina ficava mais na casa da vizinha, que confirmou que a criança não era maltratada. Conversamos com a Mirela em particular também, e ela disse apenas que sentia ciúmes do irmão e que não apanhava da mãe”, explicou.
Cruz também relatou que a menina tinha uma mancha próxima aos olhos, o que foi motivo de questionamentos para a mãe e para a vizinha. “Perguntamos o que era aquilo. Era como um hematoma próximo ao olho, e elas informaram que a menina havia batido o rosto em uma pia do banheiro, quando foi tomar banho, o que foi confirmado pela criança”, informou o conselheiro.
No dia 30 de janeiro, a mãe da criança procurou o Conselho Tutelar pedindo auxílio, pois a criança sofreria de problemas psiquiátricos, fazia tratamento em Caxias do Sul e não havia dado sequência em Bagé. “Fizemos um encaminhamento para o [Centro Municipal de Apoio] Matilde Fayad, para as duas consultarem. Não havia indícios de maus-tratos ou de que isso iria acontecer. Até os vizinhos confirmavam que ela não agredia a criança. Na madrugada de ontem, quando a Brigada Militar foi chamada pelo desaparecimento, a mãe parecia calma”, destaca Cruz.
Crime
Antes do homicídio ser confirmado, a acusada teria relatado o desaparecimento da criança. “Ela chamou a Brigada Militar e fez uma ocorrência”, contou o delegado.
Ele finalizou dizendo que o crime deve ter acontecido por volta das 2h30min. “Ela foi indiciada no artigo 121 do Código Penal, homicídio qualificado, por motivo torpe, meio cruel e dificuldade de defesa da vítima”, encerrou Benites. Michele foi presa na tarde de ontem e levada para o Presídio Regional de Bagé.