Os seis hospitais federais instalados no Rio de Janeiro – Andaraí, Bonsucesso, Cardoso Fontes, Ipanema, Lagoa e Servidores – vão contar com a presença de profissionais militares e civis de unidades das Forças Armadas, que vão trabalhar na reestruturação do atendimento. Além disso, hospitais privados de outras localidades terão participação nas alterações que serão feitas para melhorar as condições de atendimento no setor.
Entre esses hospitais privados, estão o Sírio-Libanês, o Albert Einstein e o Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, e o Moinhos de Vento, de Porto Alegre, que, para receber o certificado de filantropia, transferem experiência em tecnologia, conhecimento e experiência em gestão, entre outras práticas, para as unidades federais.
“O CTI pediátrico, por exemplo, vai ter visita diária com monitor dentro do Einstein para UTIs neonatais do Rio de Janeiro para fazer a rotina de todos os pacientes. Isso vai ter um impacto no curto prazo”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
A integração das unidades hospitalares foi discutida hoje (23) durante uma reunião, na representação do Ministério da Saúde no Rio, entre Mandetta, diretores de hospitais federais e privados e representantes das secretarias estadual e municipal de Saúde. No encontro foi analisada ainda a situação dos hospitais federais instalados no Rio.
“Espero que a população entenda que estamos trazendo o que temos de melhor para tentar aprimorar a rede de saúde do Rio de Janeiro. Ela também é parte dessa solução. Se nós conseguirmos aprimorar qualquer coisa no primeiro dia ou no segundo dia, espero que a população saiba valorizar e, principalmente, que ela se aproprie para que não perca aquilo que tão duramente foi conquistado”, afirmou Mandetta.
Intervenção
O ministro negou que a presença dos militares signifique uma intervenção nos hospitais federais. “Não existe intervenção, porque não se intervém em algo que é da sua responsabilidade. É função do Ministério da Saúde. Esses hospitais estão sob gestão da União, são federais. O que se está fazendo é reconhecer que muito da situação e do que acontece nesses hospitais é falta de decisão do governo federal para enfrentar os problemas de falta de concurso, de reposição, de educação continuada, de equipamento e de rotina.”
“A primeira coisa passa pelo governo federal é olhar e dizer: ‘Isso aqui é responsabilidade minha. Como posso cobrar de um gestor que faça na sua unidade estadual, se nas seis que o governo federal tem, como em milhares no Brasil, não faz nas dele?’”, questionou.
O secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, general Floriano Peixoto, disse que a presença dos militares e civis que já atuam em unidades das Forças Armadas nos hospitais federais vai gerar economia nos custos hospitalares em face da experiência que esses profissionais têm na redução de gastos.
Ele também descartou a tese de intervenção: “Vamos passar uma expertise sem nenhuma ideia de intervenção, sem nenhuma ideia de que agora vai funcionar porque estamos lá. Não é isso. Nós estamos colaborando com aquilo que deu certo dentro das nossas estruturas militares atendendo a uma solicitação do ministro da Saúde”, explicou Peixoto.
Compra de medicamentos
O ministro da Saúde disse que uma das ações que podem ser feitas com a experiência dos militares é a formação de uma central única para a compra de medicamentos, como soro fisiológico, que é usado em todas as unidades. “Fazer toda essa engenharia do que é comum e centralizar talvez seja um grande passo que a gente vai dar na economia de recursos públicos e na melhoria do abastecimento”, completou o ministro.
Ao longo dos primeiros 100 dias de governo, com auxílio de uma consultoria, o Ministério da Saúde avaliatá o desempenho das seis unidades federais de saúde no Rio de Janeiro, para que se tornem mais ágeis, acessíveis e alinhadas às boas práticas e aos padrões de qualidade e segurança dos pacientes.
O trabalho vai passar pelo diagnóstico de cada unidade, produção de estratégia de gestão e início da implementação do plano de atuação. “Eu determinei que se colocasse o ponto zero hoje (23). Eles não têm prazo determinado de 5 ou 10 dias. Assim que tiver as condições técnicas é para estar implantado”, afirmou Mandetta.
A intenção é trabalhar com uma série de indicadores que variam entre curto e até longo prazos. “Os seis hospitais precisam de equipamentos. Não tem uma ressonância magnética em nenhum dos seis hospitais. A gente precisa definir a linha ou perfil de cuidados desses hospitais. A vocação desses hospitais”, disse o ministro, acrescentando que o tipo de atendimento clínico como cardiologia ou ortopedia melhor se enquadra no perfil da unidade.
Para o ministro, essas mudanças serão apenas o início de um trabalho que deve ser permanente. “É um processo de transformação muito lento e contínuo, não para nunca. Não tem data para começar e terminar. Não tem nenhum tipo de situação de saúde que todo dia não tenha que reafirmar e melhorar.”
No último sábado (19), a Agência Brasil publicou reportagem em que mostra a situação dos hospitais federais que funcionam no Rio de Janeiro e identifica a necessidade de contratação de profissionais para melhorar o atendimento.