A menina Ana Cristina Pacheco Luciano, de 9 anos, continua em estado de saúde gravíssimo no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A criança teve 80% do corpo queimado após contato com gasolina que vazou de um oleoduto da Transpetro, no Parque Amapá, distrito de Xerém, em Duque de Caxias, na madrugada de ontem (26).
O subsecretário de Defesa Civil do município, André Xavier, informou à Agência Brasil que a equipe médica analisa a possibilidade de a menina ser transferida ainda hoje (27) para o Hospital Pedro II, em Santa Cruz, zona oeste do Rio, especializado em queimaduras. A equipe médica avalia se Ana Cristina tem condições físicas para a transferência ou se é melhor aguardar mais um pouco pela recuperação da menina.
“O quadro dela é bem grave, até mesmo para fazer a transferência. Ela teve queimaduras pela gasolina, que é muito forte, como um solvente, pura e bem concentrada. Ela caiu na poça de gasolina e broncoaspirou o produto. Teve sequelas internas e externas”, contou.
De acordo com informações da direção do hospital, outras duas vítimas do vazamento, Olavo Pacífico dos Santos e Antônio Martins da Silva, receberam alta hospitalar na manhã deste sábado.
Moradores
André Xavier informou ainda que, nesta tarde, quatro famílias, com o total de 17 pessoas, vão poder voltar a ocupar as suas casas. A área foi interditada ontem pela Defesa Civil do município por causa de riscos de explosões e contaminação com a gasolina vazada do oleoduto e o forte cheiro do produto no local. “Já determinei à empresa de energia elétrica que restabeleça a energia porque não tem mais gases que podem comprometer as operações da Transpetro e riscos à comunidade. Já estou autorizando às famílias para retornar as suas residências.”
De acordo com o subsecretário, desde o anúncio do vazamento, técnicos da Defesa Civil atuaram no local junto com equipes da Transpetro. O trabalho, que prosseguiu na madrugada de hoje, terminou no início desta tarde, mas profissionais da subsidiária da Petrobras permanecem na região. “Tem um pessoal que está lá retirando areia que está contaminada.”
A prefeitura de Duque de Caxias vai pedir à Transpetro que reforce o sistema de alerta para moradores para riscos de vazamento e suspeita de movimentação estranha na região. Além disso, a Defesa Civil vai intensificar simulados de saída de moradores em caso de vazamentos. Xavier informou que o órgão pedirá à Transpetro a divulgação do telefone de emergência 168 “para denunciar se houver algum caminhão-tanque naquela área, pessoas armadas, pessoas que não moram na localidade e ficam circulando na madrugada”. O subscretrário também defende que a Transpetro faça treinamento na comunidade sobre o plano de emergência.
Investigações
De acordo com informações da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) foi instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias do vazamento e a responsabilidades criminais pelo ocorrido. Foi realizada perícia no local, e diligências estão em andamento.
A reportagem da Agência Brasil pediu informações à Transpetro, mas até a publicação da matéria não obteve resposta.