"Mandala" bomba na rede, mas é golpe com esquema de pirâmide financeira

Esses esquemas prometem altos ganhos financeiros, mas acabam beneficiando apenas alguns indivíduos no topo da pirâmide, invariavelmente quem iniciou o golpe

Uma mensagem que promete ser uma chance de ganhar dinheiro fácil em meio à crise, a “Mandala”, se espalhou pelo WhatsApp nesta última semana. No entanto, a “estratégia” é mais um golpe na praça que pode dar cadeia de um a cinco anos e multa para os criadores.

O esquema da “mandala da prosperidade” é semelhante ao das pirâmides financeiras, que são proibidas no Brasil. Esses esquemas prometem altos ganhos financeiros, mas acabam beneficiando apenas alguns indivíduos no topo da pirâmide, invariavelmente quem iniciou o golpe, e lesam a maioria que está na base.

Além disso, é necessário dizer que se alguém ganha mais dinheiro do que colocou no esquema e esse dinheiro vem de outras pessoas. É preciso cada vez mais dinheiro para sustentar o retorno de todos que participam – e alguém vai ser prejudicado. Até a própria estrutura da pirâmide já mostra a intenção de ganhar dinheiro de quem está na base, sem que elas recebam algo um dia.

Leia com atenção que o azul nunca se torna preto ou verde no esquema abaixo. Ou seja só há um ganhador no grupo, sem que os outros “avancem” para o centro e/ou topo da pirâmide.

Foto: Reprodução

A “Mandala” esbarra na mesma limitação das pirâmides financeiras: para que todo mundo se beneficiasse, sem perdas na base – ou nas bases, no caso das múltiplas pirâmides do “Mandala” – seria necessário que a população da Terra fosse infinita. O colapso matemático desse tipo de esquema é inevitável.

Para cada pessoa que deve receber o lucro prometido, é preciso conseguir oito novos participantes dispostas a doar. O crescimento é em projeção geométrica. Porém, o modelo tem um aspecto mais perverso do que o das pirâmides tradicionais, porque vende um discurso de união e ajuda mútua que pode conquistar pessoas bem intencionadas – e fazer com que elas não enxerguem que o sistema, inevitavelmente, prejudicará alguém em algum momento.

Além disso, quem está no centro não investe dinheiro nenhum. Quanto mais gente é envolvida na “Mandala”, mais gente é prejudicada financeiramente, de acordo com o modelo matemático no qual o sistema se baseia. Quem alicia novos integrantes para um esquema de pirâmide financeira comete ato ilícito civil e crime de estelionato, com pena de um a cinco anos de prisão e multa.