O presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse hoje (25), em São Paulo, que um “malabarismo logístico” impediu que as usinas siderúrgicas do país parassem após a tragédia de Brumadinho. Segundo ele, essa nova logística garantiu o fornecimento de pelotas (matéria-prima essencial para a fabricação de aço) para as usinas, que antes eram atendidas por operações da Vale.
“O que aconteceu em Brumadinho não podemos chamar de acidente. Foi uma tragédia”, disse ele. “E essa tragédia levou, no primeiro momento, a uma emocionalidade grande, o que é compreensível, e o órgãos públicos fecharam várias minas da Vale. Mais de 90 milhões de toneladas da Vale foram fechados, de fornecimento. E aí começou a surgir a questão do abastecimento do minério e da pelota para o setor siderúrgico. A Mina de Brucutu, que é extremamente moderna, foi fechada. As usinas passaram a ficar em situação extremamente difícil. Em função do fechamento de Brucutu e do Complexo de Vargem Grande, isso tudo foi comprometido”, disse Lopes.
Segundo ele, as usinas só não pararam por causa de um novo planejamento logístico. Lopes explicou que a Usiminas passou a receber minério de Corumbá, com desembarque pelo Porto Açu. A Ternium e a CSN passaram a receber minério, por cabotagem, do Maranhão. Já a Companhia Siderúrgica do Pecém, importou minério da África do Sul. “Se essa logística não tivesse sido implantada em caráter emergencial, se os dois fornos estivessem a plena operação, teria uma crise de gravíssimas proporções no país por falta de abastecimento”, disse ele.
No entanto, disse ele, essa logística não conseguirá ser mantida por muito tempo. “Isso não pode ser mantido porque significa mais US$ 20 ou US$ 30 acima do preço [por tonelada], por causa das distâncias que estão sendo percorridas”. Segundo ele, a mina de Brucutu já foi reaberta e o setor tem tratado com o governo e órgãos de Minas Gerais para tentar reabrir a de Campo Grande também. “Vargem Grande operando, fica tranquilo”, acrescentou.