Cotidiano

Lava Jato mira esquema de propinas da Odebrecht para além da Petrobras

A Polícia Federal lançou nesta terça-feira a 26ª fase da operação Lava Jato tendo como alvo a empreiteira Odebrecht, acusada de realizar pagamento sistemático de propinas por meio de um setor especializado para obter contratos em várias áreas de atuação da empresa, além do esquema envolvendo a Petrobras.
As investigações apontaram que havia dentro da Odebrecht uma área profissionalmente organizada para pagamentos ilegais, chamada “setor de operações estruturadas”, que incluía o pagamento de vantagens indevidas a servidores públicos além da propina milionária paga pela empreiteira por contratos com a estatal de petróleo que é o foco principal da Lava Jato.
O esquema era utilizado pelo menos até o segundo semestre de 2015, e as investigações apontaram que o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, preso desde o ano passado e condenado em uma ação da Lava Jato sobre a Petrobras, não apenas tinha conhecimento dos pagamentos ilícitos em outras áreas, como também comandava diretamente o esquema.

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A PF e o Ministério Público Federal localizaram indícios de pagamentos indevidos envolvendo diretorias da empreiteira responsáveis por obras relativas ao Canal do Sertão em Alagoas, o metrô de Porto Alegre, o aeroporto de Goiânia, o estádio do Corinthians e o projeto do Porto Maravilha no Rio de Janeiro, além de obras no exterior em países como Argentina, Portugal, Emirados Árabes Unidos e na África.
“Temos diversas diretorias envolvidas, não somente ligadas à Petrobras. Temos setores de óleo e gás, ambiental, infraestrutura, estádio de futebol, canal do sertão e diversas outras obras e áreas da Odebrecht que estão sendo investigadas hoje pelo pagamento de propina”, disse a jornalistas o procurador federal Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato, em entrevista coletiva.
O Porto Maravilha é o projeto de revitalização da região portuária do Rio de Janeiro em vistas dos Jogos Olímpicos de agosto, apesar de não ter relação direta com os preparativos para a Olimpíada. O estádio do Corinthians foi construído para a Copa do Mundo de 2014, ao custo de cerca de 1 bilhão de reais. A empreiteira também participou da construção de mais três arenas para o Mundial, incluindo o Maracanã.

Sistema estruturado

De acordo com as autoridades, o chamado “setor de operações estruturadas” da Odebrecht foi destruído pela empresa no segundo semestre do ano passado para dificultar a obtenção de provas por parte dos investigadores, o que dificulta estimar até o momento a escala completa do esquema e os valores envolvidos.
Em apenas uma das contas utilizadas para o esquema foi encontrado saldo de 66 milhões de reais, e até o momento foram identificados de 25 a 30 recebedores de propina, em um total estimado como bem maior pelos investigadores.