Laudo aponta que motorista de acidente que matou 51 em SC ingeriu álcool

O inquérito da polícia de Santa Catarina sobre o acidente na serra Dona Francisca, que deixou 51 mortos em março deste ano, apontou que o motorista estava alcoolizado, exausto e dirigia com velocidade três vezes acima da permitida. Cérgio Antônio da Costa, que também morreu no acidente, que a Polícia Rodoviária Federal classificou como a maior tragédia rodoviária de Santa Catarina. As vítimas do acidente iriam para um evento religioso.
No exame cadavérico de Costa foram detectadas 1,49 decigramas de álcool por litro de sangue, o equivalente a duas latas de cerveja. Além do consumo da bebida, o delegado concluiu que o acidente foi resultado de “exaustão física e pressão psicológica”. Costa não sofreu mal súbito, uma das primeiras hipóteses policiais.
Antes de conduzir o ônibus pela rodovia SC-418, entre Joinville (SC) e Campo Alegre (SC), o motorista dirigia outro veículo que quebrou durante a viagem. Ele não queria continuar o trajeto, se sentia cansado, mas os passageiros insistiram.
O ônibus teve que ser trocado por outro da empresa Costa & Mar, que não tinha autorização da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) para cortar caminho por Santa Catarina. A viagem entre União da Vitória (PR) a Guaratuba (PR) deveria ser pelo caminho mais longo, no Paraná, o que foi desrespeitado.
Outra irregularidade foi transportar mais passageiros do que a capacidade permitida –seis crianças que viajaram no colo e dois adultos, que estavam sem poltronas, ficaram em pé. O veículo também estava sem cintos de segurança. “Se o ônibus tivesse cintos, muitas vidas teriam sido poupadas”, disse o delegado.
Três vezes acima da velocidade
De acordo com os laudos da perícia, o ônibus desceu a penúltima curva da serra Dona Francisca três vezes mais rápido do que o permitido para o lugar. Como é local é perigoso, ele deveria estar a 30 km/h, mas estava a 90 km/h. Na queda, ainda ganhou mais 30 km/h de velocidade, atingindo 120 km/h.
Apesar de antigo, o ônibus não tinha problemas mecânicos. Se estivesse vivo, Costa poderia ser responsabilizado por 50 mortes e indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Com sua morte, a penalidade foi extinta e o inquérito deve ser arquivado, já que o motorista também era proprietário da empresa Costa & Mar.
 
Reincidência
Costa respondia a dois processos criminais por delitos de trânsito, em Santa Catarina e no Paraná. Um por homicídio, em 2012, e outro por ser preso dirigindo bêbado no município de Porto União, no norte catarinense, em 2013.Apesar de responder aos dois processos, a carteira de habilitação estava regular.