O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, recebeu hoje (30), de um grupo de adolescentes que mora no Complexo da Maré uma cartilha com 17 itens que orientam policiais sobre como deve ser a abordagem de moradores nas comunidades.
Elaborada por crianças e jovens que participam do Projeto Uerê, na Maré, a cartilha traz itens como evitar operações policiais próximo a escolas, não atirar aleatoriamente e não ter preconceito com as pessoas por sua cor.
O grupo de cinco adolescentes, de 13 a 15 anos, foi recebido pelo governador, no Palácio Guanabara. Acompanhava os jovens a fundadora do Projeto Uerê, Yvonne Bezerra de Mello. “Os meninos que estiveram aqui tiveram suas casas invadidas, seus móveis quebrados, seus utensílios despedaçados. São famílias pobres que não têm como repor esses móveis ou tudo que é quebrado dentro das casas”, disse.
Yvonne chamou a atenção para a importância da reunião: “Eu acho que já é uma grande coisa ele [governador Witzel] ter escutado. Ficou muito tempo conosco. Escutou os adolescentes, fomos [lendo] item por item da cartilha. Eu acho que foi aberto um canal importante nessa cidade.”
A reunião foi fechada à imprensa, e o governo do estado não se manifestou sobre a cartilha.
Projeto Uerê
As bases do Projeto Uerê foram lançadas ainda na década de 1980, com a missão de proporcionar educação e instrução de qualidade para crianças e jovens em risco social. Atualmente, o projeto atende a 270 crianças no Complexo da Maré.
Veja quais os itens que compõem a cartilha:
1- formar uma polícia inteligente e estratégica;
2- respeitar a Constituição;
3- as forças policiais têm que conhecer e respeitar as leis, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA);
4- respeitar o ir e vir das populações;
5- não permitir que as casas sejam invadidas sem mandado;
6- não permitir que bens materiais sejam roubados ou destruídos dentro das moradias em operações;
7- não deve roubar os produtos das lojas;
8- evitar operações na entrada e saída das escolas;
9- não permitir que policiais quebrem os carros dos moradores com o cano dos fuzis;
10- não parar todos os jovens para averiguação como se todos fossem marginais;
11- não xingar e nem bater nos moradores;
12- não ter preconceito com as pessoas por sua cor;
13- não mandar helicópteros atirar aleatoriamente;
14- respeitar os policiais não os colocando como alvos;
15- não deixar o Caveirão intimidar pessoas por onde passa; }
16- não forjar situações colocando armas nas mãos de moradores baleados;
17- não mudar corpos de lugar para despistar a perícia.