O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reafirmou hoje (19) que recebeu advogados da empresa Odebrecht, no início do mês, para falar de assuntos relacionados à Operação Lava Jato. Ele disse que a empresa levou dois assuntos para a reunião: um sobre sobre vazamento de informações em inquérito, e outro sobre um tema que não pode ainda ser divulgado.
“A empresa Odebrecht disse que ao longo da Operação Lava Jato, havia vazamentos ilegais que atingiam a empresa, que isso qualificava uma clara ofensa à lei, e que eu havia mandado abrir inquérito para apurar esses vazamentos, o que é verdade. E queixavam-se [os advogados] que o inquérito não estava sendo tocado adequadamente pela Polícia Federal”, disse.
Cardozo defendeu ser a pessoa indicada para receber questões relacionadas à PF, que é subordinada ao ministro da Justiça. Ressaltou que, eventualmente, em casos de queixa, ou se dirigem ao diretor da PF ou ao ministro. Cardozo destacou, porém, que ele não intervem em investigações. “Não devo intervir. Não devo efetivamente orientar. A orientação minha para a PF é clara: investiguem quem quiser, doa a quem doer, mas cumpram a lei”.
“Questão de sigilo”
Sobre o outro assunto da conversa com os advogados da Odebrecht, o ministro disse não poder falar publicamente por questões de sigilo judicial. “O segundo ponto tocado pela empresa eu não vou mencionar ainda porque diz respeito a uma questão de outro órgão do MJ (Ministério da Justiça), no plano de colaboração internacional. Eu não posso mencionar, porque há tratados que regem essas colaborações, e eu não posso comprometer um tratado internacional divulgando qualquer situação a respeito”, salientou.
Segundo o ministro, a reunião seguiu todas as medidas de cautela: pedido formal para que fosse realizada, registro dos temas em ata e presença de um representante do MJ. Foi pedido também aos advogados que fizessem representações para que as duas questões fossem encaminhadas aos setores competentes para apuração.
Cotidiano