Em entrevista a jornalistas que acompanham as operações de resgate em Brumadinho, Minas Gerais, após o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale, o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelly, voltou a dizer que não há prazo para a permanência do Exército israelense no auxílio à busca de pessoas desaparecidas na tragédia.
A informação foi confirmada pelo coronel do Exército de Israel Colan Vach, que comanda a missão, com 136 pessoas enviadas ao Brasil. “Estaremos aqui enquanto tivermos utilidade”, disse antes de explicar o uso de tecnologias para o resgate.
O diplomata e o militar enfatizaram o espirito de colaboração entre a equipe de Israel e o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. “Aprendemos muito com os seus bombeiros”, disse o coronel Vach. Segundo o chefe da missão, a aplicação de “jato de água em alta pressão [como feita pelos brasileiros] torna a lama densa mais líquida”.
Antes da fala do militar, o embaixador Shelly declarou que “Israel tem um grande débito com o Brasil”. O débito começa ainda no período colonial “quando fomos perseguidos em Portugal e escapamos para o Brasil”, disse Shelly, em referência à vinda de judeus durante a invasão holandesa (1630-1657).
“Sempre o Brasil nos recebeu com carinho”, salientou. “Depois do holocausto [1941-1945], também. Sempre que tivemos problemas, Brasil esteve aberto para nós”, ressaltou.
“Equipamentos não efetivos”
Ontem (28), o tenente-coronel Eduardo Angelo, do Corpo de Bombeiros de Minas, comandante das operações de resgate, havia declarado que os equipamentos dos israelenses “não eram efetivos para esse tipo de desastre”. Eduardo Angelo referia-se à câmera térmica usada pelos israelenses para encontrar pessoas soterradas.
“Eu ouvi que as câmeras térmicas não teriam uso, mas nós trouxemos todo o nosso equipamento. Ele pode ser muito útil, mas, neste caso, na maioria das vezes, não foi necessária”, reconheceu coronel Vach, salientando que trabalha com outros equipamentos de busca e resgate.
De acordo com Vach, Israel utiliza imagens de satélite para identificar as áreas afetadas antes e depois dos desastres e conta com diversos equipamentos de terra, além da câmera térmica, como sonares para busca sob água e sob terra, microcâmeras e localizadores de aparelhos celulares.
O chefe do Estado-Maior do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, coronel Erlon Dias Nascimento, também tratou a cooperação em tom elogioso. “A operação hoje ocorreu integrada perfeitamente”; “o balanço é positivo”; “está sendo uma troca de experiências extremamente importante, e principalmente de troca de tecnologias e experiências operacionais.”
De acordo com o coronel Dias, a equipe de Israel auxilia o Corpo de Bombeiros em um dos dois perímetros da busca por pessoas e animais.