Foi um jogo morno. Em nenhum momento o Inter apresentou o rendimento das boas noites de Libertadores. Durante boa parte do segundo tempo, a sensação era de que o Colorado gaúcho jogava a final do Mundial de Clubes contra o Barcelona, porque se retrancava quase todo dentro da sua área para tentar conter o Bragantino, que até simulava um estilo de retenção de bola, mas, é verdade, não conseguiu ser contundente e não chegou a assustar Rochet.
O gol que deu a vitória ao Inter, na noite deste domingo (26), no Beira-Rio, saiu em cobrança de pênalti de Enner Valencia, hoje deslocado para ponta, dando lugar no comando de ataque para o jovem Lucca, que pouco fez. Mais tarde, o destino de Enner no jogo seria a substituição por lesão na coxa. Luiz Adriano entrou no intervalo, e como de praxe na temporada, não ajudou na frente e acabou apenas sendo mais um no “ônibus” que o Inter estacionou na frente de sua própria área.
Maurício também saiu de campo com a equipe médica. A minha sensação, não sei a torcedor colorado de modo geral, era de um Inter reunindo suas últimas forças na temporada, um ano que durante boa parte foi estressante pelos não resultados de Mano Menezes, mas que depois se transformou na desilusão da eliminação na Libertadores, onde justamente o pior foi o modo como se deu a despedida. Converse com qualquer colorado nas ruas, nos churrascos – Todos vão dizer que o Inter era quem devia estar na final contra o Boca.
Assim, essas últimas forças de 2023 foram se esfacelando no decorrer da partida de hoje. Nos minutos finais, o Colorado fazia faltas, os jogadores caíam no chão. A sensação de esgotamento físico, mental e moral era visível. Até que o juiz apitou o fim da partida, todos se abraçaram, a torcida respirou. O risco de rebaixamento, se os matemáticos estão certos, se foi.
Agora falta cumprir dois protocolos de fim de ano. Um, reles a essas alturas – classificar-se para a Sulamericana. Diante de tudo que se sonhou, sim, torna-se reles. O segundo compromisso, esse sim tem grande magnitude. A escolha da gestão para os próximos anos. Não há dúvida de que, até 9 de dezembro, haverá muito burburinho. Três anos da administração Barcellos passados a limpo. A nostalgia de Melo. Tudo isso em forma de novas promessas e quem sabe renovação de esperanças.
Até lá, há três rodadas do Campeonato Brasileiro. O Inter chegou aos 46 pontos e ainda pode mais. No calendário, Cuiabá, Corinthians e Botafogo. O primeiro destes três desafios é na quarta-feira (29), na Arena Pantanal, às 20h. Noite para olhar para cima e esquecer de vez os matemáticos.