Dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2019, divulgado pelo Ministério da Saúde, mostra que o Rio Grande do Sul é o terceiro Estado do País com o maior número de casos da doença. Porto Alegre lidera o ranking das capitais com mais mortes causadas pelo vírus, com 22,5 óbitos a cada 100 mil habitantes, número cinco vezes superior à média nacional.
O boletim também revela que a taxa de detecção de Aids vem caindo no Brasil nos últimos anos. Em 2012, foi de 21,7 casos a cada 100 mil habitantes, e em 2018 chegou a 17,8 casos por 100 mil habitantes. A região Sul apresentou uma queda de 36,1% na taxa de detecção do vírus na última década: de 35,7 casos a cada 100 mil habitantes em 2008, para 22,8 casos, em 2018. Porém, apesar dos números mostrarem a detecção dos casos em um grande contingente de habitantes, o Ministério da Saúde informa que cerca de 135 mil brasileiros vivem com o HIV e não sabem.
“Ainda é comum as pessoas terem medo de fazer o exame. E, como o vírus pode ser silencioso inicialmente, muitos convivem com ele sem saber, o que é grave, já que o diagnóstico precoce é fundamental para o êxito do tratamento”, aponta Marcelle Duarte Alves, infectologista e médica assessora do laboratório Weinmann. “Se por um lado há conquistas como a queda de mortes associadas à Aids, principalmente em virtude da efetividade dos tratamentos disponíveis, e o fato de que 85% das pessoas em tratamento chegam a zerar a carga viral, ou seja, convivem com vírus HIV, mas não o transmitem, por outro, ainda é preciso alertar para que não haja um descuido da prevenção, o que pode acarretar em novas infecções”, complementa.
A Aids ainda não tem cura e nem há vacina para ela. “O tratamento, por sua vez, é para a vida toda e, por mais que hoje ele esteja mais personalizado e com menos efeitos colaterais, não pode ser desculpa para afrouxarmos a prevenção. A infecção pelo vírus HIV ainda é um grave problema de saúde pública, com sérios danos para a imunidade, podendo, em virtude das chamadas doenças oportunistas, levar ao óbito”, afirma Marcelle.
A camisinha, explica, é fundamental. “Não só para evitar a transmissão do HIV como de outras infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis e hepatite. É recomendado não compartilhar seringas e outros aparelhos cortantes que têm contato com o sangue. Uma dúvida muito comum é sobre manicures e estúdios de tatuagens. Nesses casos, não é possível a transmissão do HIV, mas sim dos vírus B e C da Hepatite. Agulhas e seringas devem ser esterilizadas e descartáveis. Ter seu próprio kit para unhas é uma boa pedida e escolher um local que te inspire confiança, também.”
Pré (PrEP) e Pós (Pep)
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) previne o contágio por meio de um comprimido, disponível no SUS para alguns grupos de risco. Ele tem eficácia de 80% a 90%, mas não substitui o uso da camisinha, já que não protege contra as demais infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis, que vem aumentando no Brasil. Já a Profilaxia Pós-exposição sexual (Pep) funciona como uma espécie de pílula do dia seguinte, porém não deve ser usada de forma rotineira. De toda forma, vale frisar: a camisinha é a melhor opção para se evitar a Aids e todas as outras infecções sexualmente transmissíveis.
Para diagnóstico, é preciso fazer um exame de sangue específico, chamado anti-HIV. Os testes são rápidos, feitos a partir de uma gota de sangue ou da saliva. É preciso, também, ter atenção à janela imunológica, que é o período entre a infecção e a produção de anticorpos pelo organismo contra o HIV em quantidade suficiente para serem detectados.
Sintomas
Alguns sintomas que podem surgir logo após a infecção, a chamada síndrome retroviral aguda, manifestam com febre, dor de garganta, ínguas pelo corpo, entre outros. “Também, a infecção pelo HIV pode passar por um período sem apresentar sintomas, chamado de fase assintomática, que tem duração variável. Neste período, o paciente apresenta a doença, não tem sintomas e pode transmitir o vírus”, alerta a médica.
“À medida que a doença progride, os sintomas vão aparecendo: pode ocorrer o aumento do número de algumas infecções, como pneumonia e sinusite, emagrecimento, diarreia ou lesões de pele. As infecções oportunistas são infecções características da Aids e aparecem quando o sistema imunológico já está bastante comprometido. O vírus só é transmitido por meio do contato sexual e pelo sangue. Objetos não perfurantes, como talheres e copos, ou mesmo o compartilhamento do vaso sanitário não apresentam riscos.”