O candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando Haddad (PT), disse hoje (9), na capital paulista, que está aberto a incorporar propostas de Ciro Gomes (PDT), terceiro lugar no primeiro turno, em seu programa de governo. Ele falou sobre o assunto após participar de reunião com governadores da Região Nordeste em um hotel na zona sul paulistana em que discutiu estratégias e propostas para a campanha.
“Eu conversei ontem com o Roberto Mangabeira Unger [representante de Ciro] e disse a ele que estaria aberto a incorporar propostas que fossem compatíveis com os princípios [do PT]. E não há incompatibilidade entre os programas”, disse o candidato. Haddad destacou ainda que as diretrizes dos programas são similares, entre elas: soberania nacional, soberania popular, direitos trabalhistas e direitos sociais. “Enfim, os dois programas estão muito afinados”, acrescentou.
Entre os governadores eleitos ou reeleitos presentes estavam Wellington Dias, governador do Piauí; Camilo Santana, governador do Ceará; Rui Costa, governador da Bahia; Flávio Dino, governador do Maranhão. Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, e Jaques Wagner, senador eleito pelo PT na Bahia também participou. Wagner passou a integrar a coordenação da campanha. Amanhã (10), segundo Haddad, o PT irá se reunir com governadores do PSB, partido que oficializou hoje (8) apoio ao petista.
Segundo Haddad, durante a reunião com os governadores, foram discutidas propostas “sensíveis ao Nordeste”, como a questão da segurança pública e da saúde. “A Polícia Federal vai passar a atuar no próximo governo contra o crime organizado nacionalmente. A ideia é que nós avancemos no programa que foi apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral [TSE] com a ideia de que parte grande do crime hoje tem organizações nacionais”, apontou. No tema da saúde, ele disse que vai criar policlínicas para oferta de serviços de especialidade e cirurgias eletivas.
Gratidão
Em entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul, Haddad descartou hoje a possibilidade de se afastar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril em Curitiba. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que Lula pediu que Haddad se dedique mais à campanha e deixe de visitá-lo. Porém, ele avisou que: “Não cospe no prato que come”.
Para o candidato, o ex-presidente é uma referência para todos. “Lula é um grande líder e foi o melhor presidente que o país já teve. O Brasil teve bons presidentes, mas ele foi o melhor. Nessa condição, ele pode contribuir muito.”
Ao ser questionado se manterá atenção aos conselhos de Lula, ele reiterou sua lealdade ao ex-presidente.
“Eu não cuspo no prato que eu comi e jamais farei isso”, afirmou o candidato. “Outra coisa é que eu não compartilho com injustiça mesmo que eu fique sozinho. Se eu ficar sozinho defendendo uma posição justa, eu prefiro do que ficar com 100% defendendo uma posição injusta. Eu só cheguei ao segundo turno por defender o projeto que Lula representa.”
Para Haddad, a sociedade como um todo tem uma cota de responsabilidade sobre a democracia e a liberdade. Segundo ele, tem três semanas para defender o projeto que ele acredita: do bem-estar do Estado, preservando os direitos e buscando melhor qualidade de vida. “Estou muito disposto a brigar pela vitória.”