Fundado em 5 de dezembro de 2013 pelo bacharel em dança e educador Douglas Rodrigues, também conhecido como DG, o grupo Revolução Urbana de Arte (RUA ) promove a inclusão social de crianças e adolescentes de Campo Grande e arredores, na zona oeste da capital, por meio da dança e da educação.
Nesses cinco anos, DG viu o número de alunos crescer e sair de dez para mais de 70 integrantes. Desse total, seis estão fazendo a graduação em dança na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O projeto está inscrito na edição deste ano do Desafio Criativos da Escola, promovido pelo Instituto Alana, organização da sociedade civil sem fins lucrativos que aposta em programas que busquem garantir condições para a vivência plena da infância.
O Desafio Criativos da Escola premia projetos protagonizados por crianças e jovens de todo o país que, apoiados por seus educadores e educadoras, estão transformando suas escolas, comunidades e municípios. Em 2017, foram selecionados 11 grupos, dentre os 1.492 projetos enviados de todas as regiões do Brasil.
As inscrições para a 4ª edição do projeto se estendem até o dia 1º de outubro pela internet.
A iniciativa faz parte do Design for Change, movimento global que surgiu na Índia e está presente em 65 países, inspirando mais de 2,2 milhões de crianças e jovens ao redor do mundo.
Comunidades
Douglas Rodrigues dança desde os 16 anos e, aos 19, começou a dar aulas em escolas e comunidades da região, entre as quais Batan, Fumacê, Realengo e Padre Miguel.
Alguns alunos mostraram vontade de dar continuidade às aulas e Douglas resolveu selecionar dez alunos para manter o trabalho. “Eu dava aula na garagem de casa”, lembra.
Quando o grupo se apresentou em um evento do coletivo Jogos da Periferia, do qual DG participava, alunos das escolas municipais e estaduais de Campo Grande mostraram interesse em ingressar no RUA.
O coletivo decidiu ocupar um espaço público na comunidade de Santa Margarida, em Campo Grande, que estava há anos abandonado, o Centro Social Urbano (CSU).
O dinheiro que arrecadam com as apresentações é utilizado na manutenção do espaço e no transporte dos professores. No ano passado, durante a apresentação Se Essa Rua Fosse Minha, o coletivo conseguiu arrecadar R$ 3 mil, utilizado na transformação da sala em um teatro comunitário.
DG conta que o grupo travou uma verdadeira luta para mostrar aos moradores da comunidade que o espaço era de todos. “A gente colocava lâmpadas um dia e no outro dia, não encontrava mais. Tinham sido roubadas. A gente colocou porta e, no outro dia, ela estava arrombada”, lembra.
Mas o esforço, segundo o dançarino, valeu a pena. Hoje, o grupo RUA tem outra unidade, no centro de Campo Grande, e pretende promover a integração entre os projetos de cultura na zona oeste, além da troca de experiências, gerando multiplicadores.
O RUA já deu origem a mais três projetos de alunos, nas comunidades em que moram.
Mais do que dança
O grupo RUA estimula a dança, mas exige dos alunos que mostrem afinco também em relação aos estudos, apresentando boas notas durante o ano letivo. “Eu sempre procuro mostrar para eles a importância do estudo.”
Na turma mais nova, por exemplo, DG está trabalhando com a leitura do livro Meu Pé de Laranja Lima. O romance juvenil, escrito por José Mauro de Vasconcelos e publicado em 1968, traz semelhanças com a vida na zona oeste carioca. Dessa forma, DG procura instigar a curiosidade dos alunos, por meio da leitura.