O governo do Rio de Janeiro anunciou hoje (9), em solenidade no Palácio Guanabara, a criação da Coordenação de Desaparecidos, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.
O lançamento ocorreu na presença do governador Wilson Witzel, da secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Fabiana Bentes, e da mãe do lutador de MMA, Vitor Belfort, Jovita Belfort – que teve a filha, Priscila, desaparecida há 15 anos. Agora, Jovita vai dirigir a coordenação.
Segundo o governo, a proposta da Coordenação de Desaparecidos é de atuar no planejamento e execução de ações que chamem a atenção para as principais demandas dos familiares dos desaparecidos do Estado do Rio de Janeiro – mais de 80 mil pessoas por ano.
Ao falar da importância da coordenadoria, uma iniciativa inédita, a secretária Fabiana Bentes disse que o estado irá agora lutar pela adoção do cadastro único de desaparecidos.
“Vamos agora lutar por um cadastro único e pela criação do Alerta Pri, semelhante ao alerta Amber, existente nos Estados Unidos, que avisa quando uma pessoa some. O sistema divulga seus dados. A coordenação está sendo criada principalmente para fortalecer as ações associadas a políticas públicas. E a coordenadoria é um legado deste governo que dará ferramentas para que as políticas públicas possam se estender pelos governos seguintes, uma vez que está sendo criado por decreto”, disse.
Dor e luta
Jovita Belford, bastante emocionada, lembrou que exatamente hoje está completando 15 anos do desaparecimento da filha. “Estou honrada com o convite que recebo. Tenho uma filha desaparecida, a Priscila Belfort. Há 15 anos conheci algo pior que a morte. Desde então, faço da minha dor uma luta”, disse.
A nova coordenadora trabalhará em parceria com a delegada Ellen Souto, titular da Delegacia de Desaparecidos. Jovita ressaltou sua luta pela causa.
“Tenho orgulho de ter contribuído com a campanha para a criação da primeira Delegacia de Desaparecidos, que hoje é um exemplo para o Brasil. Entre 80% e 90% dos casos são resolvidos anualmente”, explicou Jovita.
Ela também defendeu a importância da imprensa no trabalho para localizar pessoas desaparecidas.
“Para uma mãe ver a foto do filho estampada em um jornal ou na televisão é a porta da esperança: porque alguém vai ver, e sempre alguém vê. Antes da criação da delegacia, o setor dos desaparecidos era tratado como apenas mais um dentro da polícia – e um ser dentro na polícia é a mesma coisa que nada”, afirmou.