Pesquisadores do Observatório de Clima e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz alertam para o aumento do risco de doenças infecciosas e de acidentes com animais peçonhentos no Rio Grande do Sul. O alerta surge 40 dias depois das enchentes catastróficas no Estado, que causaram a morte de 176 pessoas e deixaram outras 39 desaparecidas.
Conforme nota técnica publicada pelo grupo, há risco da incidência de várias doenças. Entre elas as de trato respiratório (Covid-19, gripes e resfriados e tuberculose), gastrointestinais (hepatite A e diarreia infecciosa), transmitidas por vetores (principalmente a dengue) e leptospirose.
A aglomeração de pessoas nos abrigos, as obras de recuperação das cidades atingidas e o contato com água contaminada estão entre os motivos que podem causar o aumento da maioria dos problemas relacionados à saúde. Neste momento, em que as ruas estão cheias de lixo e entulho à espera de coleta, lesões físicas, como cortes, fraturas, contusões e até queimaduras, também se tornam frequentes, conforme o observatório.
As doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e transtornos mentais podem se descompensar devido à interrupção do acesso a medicamentos e cuidados médicos contínuos.
Outro perigo deste momento pós-enchentes é o maior número de acidentes com animais peçonhentos, que podem aparecer dentro das casas.
“Historicamente, as regiões dos Vales, incluindo a Região Metropolitana de Porto Alegre, a Depressão Central e Litoral Norte do Estado possuem maior incidência de acidentes com animais peçonhentos. Com a subida do nível das águas podem ocorrer mais acidentes com aranhas e serpentes. Assim como aumenta o risco da transmissão de doenças transmitidas por água contaminada e vetores, como leptospirose, diarreias e dengue”, explica o pesquisador do Observatório de Clima e Saúde, Diego Xavier.
“Essas doenças e agravos estão mais concentrados no verão. Mas podem se estender nos próximos meses devido às alterações do ambiente original causadas pelas chuvas intensas e enchentes”, aponta o especialista.
“A sobreposição desses riscos, nas mesmas áreas e no mesmo período, exige do sistema de saúde uma maior capacidade de realizar diagnósticos diferenciais e de identificar os casos mais graves, que precisarão de internação hospitalar ou tratamento especializado”, complementa Christovam Barcellos, também pesquisador do Observatório.
Por meio de nota técnica, os pesquisadores chamam a atenção para outra questão importante nesta etapa da tragédia: a saúde mental dos desabrigados, dos profissionais e dos voluntários que estão trabalhando na emergência. As perdas materiais e/ou de parentes e amigos podem causar um aumento de casos de transtorno de estresse pós-traumático, depressão e ansiedade.
- Agora no Tempo
- Costa Doce
- Cotidiano
- Litoral Norte
- Porto Alegre
- Redes Sociais
- Região Carbonífera
- Região Metropolitana
- Rio Grande do Sul
- Serra gaúcha
- Sua Saúde
- Vale do Caí
- Vale do Paranhana
- Vale do Rio Pardo
- Vale do Sinos
- Vale do Taquari
- Vales
- Chuvas no RS
- doenças respiratórias
- Enchente de 2024
- Fiocruz