As derivas (intervenções artísticas) do fotógrafo Marcello Vitorino Luz, na parte central da capital paulista, resultaram na exposição Labirinto em Mim, aberta no Museu da Energia, nos Campos Elíseos, um dos bairros da região. A mostra busca justamente estabelecer um diálogo com esse território onde a instituição está inserida.
Os caminhos percorridos pelo fotógrafo durante a produção das imagens foram marcados em um desenho feito a partir do mapa da área. “As fotos estão saindo dessa área demarcada”, afirmou Vitorino sobre a organização do espaço expositivo, que ocupa três salas do museu.
O trabalho foi desenvolvido durante os seis anos em que vive na região. Entre a grande produção do artista, foram selecionadas 21 fotos para compor a exposição. “É pouco para o que eu produzi, mas acho que ocupou bem o espaço e deu essa sensação meio labiríntica”, disse.
Vida pulsante
Com uma câmera de celular, ele vai registrando cenas marcantes das ruas do bairro. “É um caminhar solto. Eu simplesmente estou aberto para esses encontros. As fotografias são encontros que acontecem”, acrescentou sobre o processo de produção.
“Meu estúdio é perto da Rua São Caetano. Estava descendo uma vez e vi uma limousine rosa, que eles alugam para festas de debutantes, saindo e atravancando toda a rua. Uma cena inusitada. Jamais perderia isso”, esclareceu a respeito dos momentos que atraem a sua atenção.
Essas cenas são, na visão de Vitorino, formas da cidade mostrar sua energia e vitalidade. “São instantes que a cidade está sempre nos dando, nos lembrando que a vida está pulsando sempre, por mais que queiram nos convencer do contrário.”
Discrição como método
A escolha do celular como instrumento permitiu o fotógrafo trabalhar mais livremente em uma linha inspirada no célebre francês Cartier Bresson, famoso por captar instantes do cotidiano. “É uma ferramenta que tenho curtido. Resgata um pouco daquela invisibilidade bressoniana. Gosto dessa ideia de passar despercebido, sem ter alguém perguntando ‘para onde é [a foto]?’, sempre se intimidando com a sua presença” justificou a escolha.
Também integra a exposição a videoinstalação Fio de Ariadne, da artista Renata Roman. O nome faz referência a personagem mitológica que deu um novelo ao herói Teseu para que ele pudesse se orientar no labirinto da ilha de Creta e derrotar o Minotauro. Metade homem e metade touro, o monstro devorava jovens como tributo. A obra é composta por sons e imagens do chão da região.
O conjunto pode ser visto até o dia 2 de março na Alameda Nothmann, 184. De terça a sábado, das 10h as 17h.