Ex-gerente da Petrobras aponta propina em obras feitas no RS

Do Correio do Povo


O ex-gerente de engenharia da Petrobras Pedro Barusco, um dos envolvidos no esquema de corrupção da estatal, fez um acordo de delação premiada e a partir dele o Ministério Público Federal e a Polícia Federal obtiveram mais detalhes das irregularidades ocorridas na empresa. Além dos valores de propinas concedidos a diversos agentes descobertos na Operação Lava Jato, Barusco afirmou que três obras relacionadas ao Rio Grande do Sul foram usadas no esquema: oito cascos do Pré-Sal, a Plataforma P-53 e o Gasoduto Osório-Canoas. A descrição consta em panilhas apresentados durante depoimento.
De acordo com Barusco, as obras usadas na liberação de propinas eram fatiadas em pequenas porcentagens e distribuídas entre agentes e empresa envolvidas na operação. Os oito cascos do Pré-Sal foram orçados em 3,748 bilhões de dólares e deste contrato os participantes do esquema pegaram a fatia de 1%, o que totalizava uma propina de 33,78 milhões, repartida pela metade e enviada aos seus destinatários. A obra era de responsabilidade da empresa Engevix. A reportagem do Correio do Povo entrou em contato com a empreiteira, mas a assessoria imprensa informou apenas que a companhia não irá se manifestar. Os esclarecimentos serão dados somente à Justiça.
A Plataforma-P53, em Rio Grande, orçada em 523 milhões de dólares, também foi lesada em 1%, sobrando 5,23 milhões de dólares para os agentes do esquema e destinatários da propina. A exemplo dos cascos, esta parte do dinheiro foi repartida pela metade. As empreiteiras Queiroz, UTC, IESA e QUIP eram responsáveis pela obra.
O Gasoduto Osório-Canoas, obra de responsabilidade da empreiteira UTC, foi orçado em R$ 109,57 milhões. Do contrato foi utilizado 2% do dinheiro, totalizando R$ 2,19 milhões destinados para propina. Posteriormente, o montante era dividido pela metade e distribuído aos seus destinatários.

Esquema começou em 1997

Em depoimento, Barusco confirmou que o esquema de propinas da estatal começou em 1997. O teor do depoimento do ex-gerente serviu de base para a nona fase da operação da Polícia Federal, deflagrada nesta quinta e apelidada de My Way, em referência a como Barusco chamava o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, também investigado.