Ex-comissário dificultou investigações contra traficante


A Corregedoria da Polícia Civil apurou que o ex-comissário Nilson Aneli, encarregado de fazer a segurança do ex-secretário de Segurança Pública, Airton Michels, durante a gestão do governador Tarso Genro, se utilizou do cargo de agente público para dificultar as investigações contra um traficante para qual também trabalhou. A Cogepol ainda indiciou Aneli, 57 anos, pelos crimes de organização armada e falsidade ideológica.
O documento, com mais de mil páginas, foi remetido hoje à Justiça de Tramandaí, no litoral Norte, onde as investigações começaram. Após conclusão do inquérito, o Conselho da corporação também vai analisar a conduta do ex-comissário, podendo afastá-lo em definitivo da Polícia Civil.
No âmbito da Polícia Civil, o delegado Paulo Peres concluiu, também hoje, a investigação, e confirmou que o ex-comissário vai ser indiciado pelos crimes de corrupção de menores, porte ilegal de arma e organização criminosa. O inquérito segue, entre hoje e amanhã, para o Fórum de Tramandaí. Pelo menos mais quatro pessoas devem ser indicadas pelos mesmos crimes.
O envolvimento do ex-comissário com o traficante veio à tona em de janeiro, quando Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, foi morto por um grupo rival, em uma casa em Tramandaí. Após a prisão preventiva do policial, a defesa de Aneli alegou que ele precisou “saldar um financiamento universitário que o obrigou a procurar, por meio de ganho suplementar, honrar o compromisso”.
O argumento, porém, foi considerado insuficiente pela Justiça para garantir a soltura. O comissário também admitiu ao ex-secretário Airton Michels que fazia a segurança de Xandi, alegando não saber que ele era traficante.