O representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, afirmou nesta quinta-feira (22), durante depoimento no Comitê de Finanças do Senado norte-americano, que as tarifas sobre aço e alumínio anunciadas pelo governo dos EUA no início do mês não serão aplicadas ao Brasil enquanto o País estiver negociando.
Lighthizer afirmou ainda que também estarão isentos das sobretaxas a União Europeia, a Austrália, a Argentina e a Coreia do Sul. No dia 8 de março, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump já havia anunciado a isenção dos seus vizinhos e parceiros no bloco econômico da América do Norte, o Nafta, Canadá e México.
No dia 1o de março, Trump anunciou que iria impor tarifas de importação de 25% para aço e de 10% para alumínio. As tarifas começam a valer a partir desta sexta (23).
Alívio
A Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) considera “um alívio” a informação de que o governo norte-americano negociará com o Brasil nova tarifa para importação de aço e alumínio.
“Foi bom. É um alívio e é a confirmação de que o bom senso prevaleceu. Principalmente em um momento de recuperação econômica, é importante para as siderúrgicas brasileiras que não haja interrupções. Temos de aguardar as negociações”, afirmou Thomaz Zanotto, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Fiesp.
Zanotto acrescentou que o setor empresarial estava preocupado, pois a mudança traria prejuízo para a siderurgia brasileira, mas também para a dos Estados Unidos. “O aço brasileiro é insumo para a siderurgia norte-americana, a maior parte do que é exportado.”
O diretor da Fiesp disse acreditar que a negociação deve caminhar para uma aplicação de cotas de acordo com o histórico de exportação do País. “É o sistema de cotas baseado numa média aritmética, por exemplo, de desembarques feitos nos últimos dois ou três anos. Isso ainda vai ser negociado”, declarou.
O presidente da Associação Brasil de Alumínio (Abal), Milton Rego, considerou um “alento” a notícia da negociação sobre o aço. “Depois de um início muito tumultuado, vemos isso com otimismo. Entendemos que possa ter um desfecho mais favorável.”
Para Minton Rego, o melhor cenário seria que o Brasil fosse tratado como exceção e que seu aço e alumínio não fossem sobretaxados. “A indústria brasileira não compete com a americana, tanto do ponto de vista de aço – já que o que a gente exporta é um produto que vai entrar na indústria siderúrgica –, quanto no do alumínio, que a gente exporta o produto final. Nossa indústria não causa dano à norte-americana, no sentido de ter algum tipo de relação com a perda de competitividade”, explicou.
“Nossa exportação de alumínio para os Estados Unidos não é tão relevante. Estamos entre a 8ª e a 10ª fonte de produto para o País. Então, não é muito. Por outro lado, os Estados Unidos são o principal destino de exportação de manufaturados de alumínio. Nesse sentido, é muito importante”, disse sobre o impacto das exportações no País.