A luta contra o contágio pelo novo coronavírus começou no Rio Grande do Sul. O Estado registra 28 casos e pode atingir o 50º no próximo dia 24. Nos próximos dias, semanas e meses iremos lutar para salvar vidas. Centenas, milhares. No entanto, não conseguiremos salvar todos. Teremos perdas nessa guerra contra a Covid-19.
A luta contra o novo coronavírus é sem precedentes. O inimigo é silencioso. Não há nada, até o momento, que sirva para impedir a infecção pela doença. Uma grande parte dos contaminados sequer têm sintomas. É só comparar com o surgimento da gripe H1N1, em 2009 e 2010. Naquela época, testes com um fármaco já conhecido, o tamiflu, mostraram que ele era eficaz no tratamento da Influenza. Aquela época foi uma corrida às farmácias.
Para tratar a Covid-19, não temos nada que possa combater, de frente, com o vírus. Uma vacina deve chegar ao mercado somente daqui a um ano ou um ano e meio, projetam cientistas. Nossa arma terá de ser algo poucas vezes utilizada: isolamento social. Ficar em casa, se afastar dos nossos familiares, dos amigos, dos conhecidos. Evitar o contato com estranhos. Reforçar a higiene pessoal e nos locais que estamos vivendo.
Retardar o avanço do coronavírus será a melhor arma. Temos que, em um esforço conjunto, evitar o desastre humanitário que se tornou a Itália, onde milhares de pessoas foram contaminadas rapidamente. Mais de 3 mil pessoas já morreram e o número deve continuar crescendo em território italiano, principalmente por causa da população idosa.
Por outro lado, o Japão deu exemplo, e registra apenas 711 casos registrados e 21 mortes. Os orientais fizeram higienizações e buscaram rastrear a via de transmissão, impedindo que pacientes infectados contamine pessoas saudáveis. A Coreia do Sul resolveu testar boa parte da população, fazendo mais de 220 mil exames para coronavírus.
Claro, que no Brasil, não haverá como rastrear e, muito menos, testar todo mundo. Nossa população é imensa e não há tempo suficiente para produzir um grande número de testes. O vírus já está em solo gaúcho. Lembre-se que a China, fonte da maior parte dos insumos hospitalares do mundo, parou sua economia por causa do coronavírus.
Diante do quadro, a escolha será nossa. Não há como testar todos que possam estar contaminados no Rio Grande do Sul. Não podemos permitir que as pessoas, inadvertidamente, se tornem vetores para transmissão do vírus.
As medidas tomadas pelo Governo do Estado são duras, agressivas, mas necessárias. No entanto, é preciso mais. Além de impedir a circulação de pessoas, é necessário reforçar o sistema de saúde, com a instalação de CTIs (Centros de Tratamento Intensivo). São Paulo mostrou como deve ser feito, construindo uma estrutura provisória no Estádio do Pacaembu.
Não adianta tentar criar leitos quando tivermos centenas de casos graves. É preciso agir agora, antes que seja tarde.