Dois anos e oito meses após problemas técnicos obrigarem a Rádio Nacional da Amazônia a operar com potência limitada, deixando milhões de moradores de áreas rurais, ribeirinhas e fronteiriças da Região Norte órfãos de uma de suas principais fontes de informação e entretenimento, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) reinaugurou a subestação de ondas curtas da emissora.
“Vamos chegar a mais cidades, se Deus quiser”, afirmou o presidente da EBC, Luiz Carlos Pereira Gomes, enquanto acompanhava os últimos ajustes no parque transmissor, localizado em Brazlândia (DF), a cerca de 50 quilômetros da sede da empresa, que também é formada pela Agência Brasil, a TV Brasil, as rádios Nacional de Brasília, do Rio de Janeiro e do Alto Solimões, além das rádios MEC AM e FM do Rio de Janeiro.
Inaugurada em 1977, a Nacional da Amazônia transmite em ondas curtas para toda a região amazônica, chegando também a outros estados como Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, interior de São Paulo e, dependendo das condições climáticas, até mesmo a outros países.
Em março de 2017, uma sequência de raios atingiu a subestação de energia do parque de transmissão, forçando a emissora a não só operar com alcance reduzido, mas também a diminuir o tempo total de transmissão.
“O grupo de geradores a diesel que passamos a usar conseguia manter só um transmissor de menor potência, com o qual conseguíamos fazer nosso sinal chegar até a Amazônia. Agora, além deste transmissor de 25 metros, estamos religando um transmissor de 49 metros, que vai ampliar o alcance”, comentou o coordenador de engenharia da Rádio Nacional Ondas Médias da AM-Brasília, Adriano Goetz da Silva, explicando a importância de uma rádio operando em ondas curtas em tempo de internet e web rádios.
Segundo Goetz, o alcance das ondas médias e da frequência modulada (FM) é afetado por barreiras físicas e acidentes geográficos. Já as ondas curtas, explica o coordenador, são capazes de chegar com qualidade a distâncias muito maiores que as demais faixa de frequências.
“Podemos dizer que, em uma região de florestas, as ondas médias se propagam por cerca de 100 quilômetros, dependendo das condições. A FM, por cerca de 40 quilômetros. Já a onda curta e o sinal por satélite chegam aos locais mais distantes. Por isto mantemos este serviço. Por causa, principalmente, das comunidades da Amazônia”, acrescentou Goetz.
Coordenador do parque transmissor da emissora de ondas curtas, Ismar do Vale Júnior, se emocionou ao ajustar os últimos detalhes para que a Rádio Nacional da Amazônia volte a ser ouvida em alto e bom som pelos ouvintes mais distantes. “É a sensação de ver um filho que estava doente ser curado e voltar à vida”, comentou o funcionário, na empresa desde 2009.
Para o presidente da EBC, Luiz Carlos Pereira Gomes, a retomada da plena potência da transmissão devolve à emissora seu papel estratégico.
“A Rádio Nacional presta um serviço de utilidade pública. Basta ver que nenhuma das grandes nações, das que tem dimensões continentais, abriu mão de suas estações de ondas curtas. O que estamos voltando a colocar em funcionamento é uma estação estratégica para o país em termos de segurança. E que leva emoção e informação às pessoas”, enfatizou Gomes.