Cotação do dólar chega perto de R$ 4, apesar de intervenção do Banco Central

O receio com a economia brasileira somado ao cenário político turbulento impulsionaram, mais uma vez, a alta da moeda americana, mesmo com intervenção do Banco Central. O dólar fechou cotado hoje a 3,9797 reais na venda, alta de 0,57%.
A única vez na história em o dólar terminou em patamar mais alto foi em 10 de outubro de 2002 (3,990 reais). Na máxima do dia, a divisa americana atingiu 3,9990 reais, a milímetros de distância do recorde de 4 reais. Nem mesmo os leilões de empréstimos do Banco Central, no valor total de US$ 3 bilhões, conseguiu conter a volatilidade da moeda americana.
Às 12h45 (horário de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 1,96% sobre o real, cotado em R$ 3,994 na venda. Este é, por ora, seu maior valor histórico. Mais cedo, a moeda atingiu a máxima de R$ 3,9995.
O avanço, segundo economistas, reflete a percepção de que as novas medidas de ajuste fiscal não serão aprovadas no Congresso, aumentando o risco de o país ter novamente sua nota cortada por agências de classificação de risco.
No início do mês, a agência Standard & Poor’s rebaixou a nota de crédito do país, retirando seu selo de bom pagador. O receio é que o Brasil também perca o chamado grau de investimento das agências Fitch Ratings e Moody’s. Com duas classificações como essa, grandes fundos estrangeiros têm que remover suas aplicações do país pelo risco maior de calote.
Cautela é a palavra da vez
O mercado vem adotando estratégias mais defensivas, com medo de que o Congresso possa derrubar nesta semana vetos da Presidência a medidas que aumentam os gastos, dificultando o ajuste fiscal.
Essas preocupações foram parcialmente reduzidas nesta tarde após Cunha afirmar que derrubar o veto sobre o reajuste salarial dos servidores do Judiciário seria “colocar mais gasolina na fogueira”. Caso o veto for retirado, as contas públicas do país sofrerão, justamente no momento em que o governo tentar requilibrá-las.