O Observatório Nacional (ON) participou de uma equipe internacional que descobriu o protoaglomerado de galáxias mais distante da Terra já encontrado no universo, a 13 bilhões de anos-luz. A descoberta foi anunciada nesta sexta-feira (27), às 3h da manhã (horário de Brasília), no Japão, país que liderou a pesquisa.
Para se ter uma ideia do quão distante está o protoaglomerado basta lembrar que a luz percorre cerca de 300 quilômetros a cada segundo, e que um ano-luz é a distância que ela atravessa em um ano, que equivale a mais de 9 trilhões de quilômetros.
A equipe internacional foi chefiada pelo Observatório Astronômico Nacional do Japão e contou com parceiros nos Estados Unidos, Taiwan, Reino Unido, China, Canadá, Coreia do Sul e Dinamarca, além do Brasil. A pesquisa será publicada oficialmente no The Astrophysical Journal, em 30 de setembro.
O astrônomo Roderik Overzier, do Observatório Nacional, e Murilo Marinello, que na época cursava doutorado no ON, participaram da análise e interpretação dos dados captados pelos telescópios. A pesquisa utilizou o telescópio Subaru, que o Observatório Astronômico Nacional do Japão mantém no Havaí e, também, o Telescópio Gemini, operado de forma compartilhada pela Association of Universities for Research in Astronomy (associação de universidades pela pesquisa em astronomia, em tradução livre).
Ao menos 12 galáxias fazem parte da aglomeração observada, que foi batizada de z66OD. A pesquisa mostra que essas estruturas gigantescas já existiam em uma época em que o universo era um jovem de apenas 800 milhões de anos, o que corresponde a apenas 6% de sua idade atual.
Uma das galáxias do protoaglomerado, a nebulosa gasosa gigante conhecida como Himiko, já tinha sido observada pelo Telescópio Subaru. Com a descoberta da aglomeração, os pesquisadores descobriram que ela fica na borda do agrupamento, a 500 milhões de anos-luz de distância do centro.
Roderik Overzier conta que, normalmente, é preciso observar uma grande região do céu para encontrar alguns tipos de galáxias que estão reunidas nesse protoaglomerado, o que permitirá a realização de pesquisas que durem menos noites de observação.
“Nessa situação, temos um lugar específico no universo que você pode apontar um telescópio e observar várias galáxias ao mesmo tempo, e vai obter dados com um grau de qualidade para todas essas galáxias. Se você não tivesse elas em grupo, teria que fazer 12 vezes separadas”, explica.
Desvendar quando esses protoaglomerados se formaram na história do universo era um objetivo da pesquisa, que contou com a nova câmera HyperSuprime-Cam do telescópio Subaru. Roderik explica que protoaglomerados são aglomerados de galáxias no começo de sua formação, e o z66OD deve concentrar mais galáxias nesse processo.
Americano, o pesquisador também participou da equipe em 2012 que havia descoberto o protoaglomerado de galáxias mais distante até então, a 12,7 bilhões de anos-luz, um recorde apenas 300 milhões de anos-luz menor.
“Nessa primeira fase do universo, a evolução é muito rápida. Qualquer ganho na distância é importante, porque estamos expandindo a fronteira. Pushing the limits, como se diz em inglês”, afirmou.