O plenário da Câmara foi marcado por discursos de despedida na tarde desta quarta-feira (12), entre agradecimentos aos eleitores e lamentos pelo fracasso nas urnas nas últimas eleições. Penúltima semana de atividades antes do recesso parlamentar, deputados que não se reelegeram em outubro fizeram declarações com balanços de seus mandatos. Segundo a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, 157 deputados não conseguiram renovar seus mandatos.
Após sete mandatos consecutivos, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) foi um deles. Relator da reforma tributária aprovada ontem (11) pela comissão especial, o deputado estava receoso de terminar o mandato sem ter a proposta de emenda à Constituição concluída no colegiado que discutiu o tema.
“Quando eu cheguei neste plenário, para tomar posse em 1991, o Brasil tinha 150 milhões de brasileiros. Hoje, o Brasil caminha para 210 milhões. É um outro país: cresceu, evoluiu, acumulou problemas, resolveu problemas e a minha trajetória nessa Casa nesses 28 anos foi de trabalho intenso. Tive a oportunidade de vir a Brasília praticamente todas as semanas, com exceção dos recessos, numa média de 4.704 voos que fiz de ida e volta para Londrina, Curitiba ou São Paulo”, afirmou.
Com a voz embargada, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), fez uma despedida emocionada. Depois de quatro legislaturas consecutivas como deputado, o parlamentar tentou sem sucesso uma vaga ao Senado.
“Estou aqui fazendo a minha última fala na tribuna, nessa condição depois de quase 16 anos. A vida é feita de encontros e despedidas, perdas e ganhos, o trem que chega é o mesmo trem da partida. E eu me inspiro em José Saramago, aquele ateu iluminado, aquele comunista inveterado. Ele dizia: somos a memória que temos e as responsabilidades que assumimos. Sem memória, não existimos. Sem responsabilidade, talvez não mereçamos existir”, disse. “Entre erros e acertos, muito mais derrotas do que vitórias, chegando aqui em 2003, inclusive no bojo da eleição de Lula presidente, pelo PT, a partir dali, conseguimos muitas conquistas, é verdade. Mas também vivemos muitas decepções”, completou, aplaudido pelos colegas, inclusive da oposição.
O ex-ministro do Esporte, deputado Leonardo Picciani (MDB-RJ), também não conseguiu os votos necessários para reeleição após quatro legislaturas sucessivas.
“Eu venho a esta tribuna, na tarde de hoje, nesta que pode ser uma das derradeiras sessões desta legislatura, deixar aqui o meu agradecimento. Primeiro, agradeço ao povo do estado do Rio de Janeiro que me permitiu esta extraordinária oportunidade de, por quatro legislaturas, por 16 anos, representar o nosso estado e o povo brasileiro nesta Casa”, afirmou.
Integrante da bancada da bala, o deputado Edson Moreira (PR-MG) disputou a primeira reeleição sem sucesso. No que chamou de “retrospecto melancólico”, o parlamentar reclamou da “geração que escolheu a mudança, sem dar crédito àqueles parlamentares que realmente trabalharam pelo seu povo”.
“Durante o mandato, foram 247 projetos de lei ou outras proposições apresentados; 47 projetos de lei relatados; nenhuma falta às reuniões plenárias. Foram inúmeros encontros e reuniões com as forças de segurança de municípios de todas as Minas Gerais e de todo o Brasil, mais de 60 cidades atendidas com indicação de recursos de emendas parlamentares, investimentos importantíssimos para a segurança pública, saúde e educação”, afirmou. “Saio daqui com a dor de quem muito fez e pouco foi reconhecido, mas com a cabeça erguida e a convicção de que enquanto estive aqui, fiz o que pude”, completou.