Profissionais de educação e alunos de 14 escolas do Rio de Janeiro vão receber orientações de como agir em situação de crise diante da violência. As palestras serão feitas com base no programa Comportamento Mais Seguro (CMS), do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
O acordo do projeto-piloto entre a entidade e a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) do Rio de Janeiro para reduzir os impactos da violência na população foi assinado hoje (1º) pelo secretário Wagner Victer e a chefe da Delegação do CICV para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Simone Casabianca-Aeschlimann.
Nesse projeto, a intenção é que a comunidade escolar possa identificar sinais de risco e saber como agir, por exemplo, em um caso de tiroteio. O trabalho começa em janeiro de 2019, com treinamentos dos responsáveis das regionais de ensino, que depois serão multiplicadores da metodologia junto a professores e outros profissionais de educação, alunos e famílias.
“O objetivo é de mitigar as consequências da violência armada. O acordo foi firmado para ajudar a secretaria na prevenção e na proteção das pessoas que trabalham no sistema de educação e permitir aos alunos ter as escolas mais seguras”, disse a chefe da delegação da CICV.
Além dos treinamentos aos profissionais de educação, será feita a coleta de dados para verificar a pertinência do programa e levantar o custo da violência em situações como quantos dias a escola ficou fechada e quantas horas os alunos ficaram fora das unidades para poder também comunicar às autoridades sobre os efeitos da violência nos alunos.
Evasão escolar
O secretário de Educação, Wagner Victer, disse que a questão da violência no entorno das unidades é um dos grandes fatores de evasão escolar e um empecilho para o cumprimento do calendário anual. “Nós estamos conseguindo manter o calendário, tanto em 2017 e 2018, porque damos um empoderamento ao diretor para que se ele tiver que paralisar, obrigatoriamente terá que cumprir o dia letivo em outro momento”, disse.
Victer disse que a proibição de operações militares nas escolas tem contribuído para a manutenção do calendário escolar. “Não se pode mais fazer operações e bases militares dentro das escolas. O que se tinha no passado de parar tanque nas escolas e transformá-las em base se operação militar ser uma referência, agora está proibido”, disse.
Escolas
Algumas das escolas estão em regiões de comunidades como os colégios estaduais Tim Lopes, no Complexo do Alemão; Compositor Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos; Professor Clóvis Monteiro, no Jacarezinho; CIEP 173 Rainha Nzinga de Angola, em Acari; todos na zona norte, além do Ciep 392 Mario de Andrade em Santa Cruz, na zona oeste, e o colégio estadual Antonio Houaiss, no Méier.
“Esse processo não é treinamento de guerra. Basicamente é um briefing de deslocamento tipo os procedimentos de segurança, quando se entra em um avião. Isso vai fazer com que o aluno e o servidor tenham conhecimento melhor de práticas de segurança e posturas do que acontece no dia a dia para se preservar e também a sua comunidade”, disse o secretário.
Segundo Victer, nesse projeto-piloto, que deverá durar três meses, serão avaliados os impactos dos treinamentos e aceitação de professores e alunos para poder estender a outras escolas do estado. “Dentro de um modelo piloto nós vamos fazer um aperfeiçoamento para aplicar em outras unidades de maneira progressiva e a Cruz Vermelha é uma entidade de referência internacional neste tema”, disse.