Olá, F. falando. Andei refletindo sobre o lugar de onde falo, e chego à conclusão de que a página é um espaço de troca, em que sabe-se de futebol, mas também a partir dos relatos de encontros que temos, pensamos sobre existir, como é estar nesse mundo atualmente, para além dos deveres e vontades pré-prontas.
O próprio futebol é um produtor de momentos, acontecimentos. Nesse lugar que criamos. Os encontros da bola estão no mesmo plano dos encontros da vida. Então hoje conto mais um que tive nesse belo sábado (9) em Porto Alegre. Com Joaquim, ele havia voltado do Beira-Rio, onde Inter e São Luiz decidiam uma vaga na semifinal do Gauchão.
Joaquim estava no parque do condomínio, recostado em uma árvore, contemplando ora os morros do entorno, ora seu celular, onde via os desdobramentos da partida. O Inter ganhou fácil por 3 a 0. Poderia ser 6. Joaquim estava com um ar satisfeito, de quem terminaria o dia com leveza.
– Pintou o campeão? – perguntei, porque me dá certo prazer vê-lo inquieto
– Ah, eu não entro nessa. Deixo a galhofa para o final – respondeu, doce como fruta madura
– Entendo, mas cuidado, nessas de adiar a piada, pode-se perder a insolência e a zombaria. Eaí, perde-se tudo.
Joaquim riu, mas ateve-se ao celular. Eu só ouvia os comentaristas glorificando o momento colorado. Mas, diga-se, há aqueles, identificados ou não, que jogam seu “veneninho”. Mas a cicuta joga para os dois lados no Rio Grande. Enfim, enquanto o som vinha do celular e a noite ocupava o parque, Joaquim e eu falávamos do jogo.
Soube que o Inter começou avassalador. Há vários detalhes táticos a comentar. A projeção de Bustos na direita, sustentado por uma saída de três, com Renê fechando do outro lado; os meias encontrando espaços entre as linhas; Alan Patrick criando. A mecânica do Inter vai bem. E os gols não demoraram a sair.
Logo aos 4, Igor Gomes achou uma brecha para colocar Bustos em condição de cruzar. O argentino encontrou Enner Valencia no meio da área e ele testou para o gol. Depois, aos 16, o Inter cobrou um escanteio curto e a bola chegou para Alan Patrick cruzar da esquerda. Igor Gomes, agora em posição de definição, cabeceou para as redes.
Aí o Inter relaxou um pouco. O São Luiz viu que precisava fazer algo, mas via também que se saísse ao ataque poderia tomar mais. O primeiro tempo acabou com as duas equipes até chegando ao ataque e criando chances, mas aquele ritmo mais intenso do Inter já havia passado e não se podia dizer que o São Luiz realmente perigava.
Segundo tempo
A volta do Intervalo foi parecida com a ida. O jogo ia se arrastando de forma que nem Inter nem São Luiz sabiam bem o que queriam da partida. Ainda assim, quem pode marcar foi o Inter.
A atitude do Inter começou a mudar a partir dos 20, quando Coudet fez trocas. Entraram Alario no lugar de Enner; Hyoran no lugar de Wanderson; e Bruno Gomes no lugar de Aránguiz. O ímpeto reapareceu. No entanto, faltava aquele a mais no último terço, para ampliar o placar.
O gol só veio aos 38, quando Lucca, que havia entrado minutos antes, dominou no peito uma bola no meio já adiantando a jogada. Alguns metros depois ele foi vencido pelo zagueiro, mas Maurício venceu com maestria a dividida e saiu na cara do gol para transformar a partida em goleada.
– Vou lá jantar, se me dá licença vizinho – diz Joaquim, depois de esmiuçada a partida.
– Com certeza, também vou lá, aproveitar o sábado com minha amada Lygia – respondi, plácido com a noite, as árvores e o luar.
Chego em casa, Lygia me esperava com um vinho branco levemente gelado. Íamos cozinhar juntos. Sempre curti essas funções. E não poderia haver melhor companhia.
Situação e próximos jogos
Já ia me esquecendo. O Inter enfrenta ou Juventude ou Guarany de Bagé na semifinal. Os dois times jogam ainda neste sábado (9).
Por ora, tanto Inter como São Luiz têm confrontos pela Copa do Brasil, ambos na quarta-feira (13). O jogo do Inter é contra o Nova Iguaçu, do Rio de Janeiro, mas a partida será no Mané Garrincha, em Brasília, às 20h. Já o São Luiz enfrenta o América de Natal, na Arena das Dunas, às 21h30.